Choques nacionalistas no Barça x Atlhetic em Madri
25/05/12 12:53Dois times nacionalistas, cada qual da sua região. Torcedores separatistas. Um monarca. O hino da Espanha, e uma campanha para vaiá-lo. Um estádio no centro da capital espanhola. A despedida de um técnico estrelar. Um protesto de conservadores franquistas. E ameaça de cancelamento da final.
Esses são os ingredientes da explosiva final da Copa do Rei, que acontece nesta sexta-feira aqui em Madri. O jogo, às 22h (17h no horário de Brasília), será entre o Athletic Bilbao e Barcelona, os times principais das duas regiões mais nacionalistas da Espanha –o País Basco e a Catalunha, respectivamente. E que se enfrentarão na final do campeonato mais “espanhol” da Espanha, a Copa do Rei, líder de uma monarquia que não é nada querida nessas duas regiões.
E daí o início de toda a confusão que antecede o jogo. No início da semana, os torcedores do Barça e do Athletic convocaram uma vaia comum no momento em que se tocar o hino da Espanha no estádio, o que é considerado infração à legislação do país. O rei Juan Carlos 1º, que sempre vai à final deste campeonato mas desta vez será substituído pelo príncipe Felipe, também seria alvo de protestos.
Há dois meses, grupos nacionalistas bascos e catalães já haviam anunciado que fariam “a maior manifestação anti-espanhola a História de Madri” no dia do jogo, segundo noticiou na época um jornal local, com protestos nos arredores do estádio.
O anúncio da manifestação e da vaia causou uma reação nacionalista bem forte aqui em Madri. A começar pela presidente da região –um equivalente aos nossos governadores só que com mais autonomia–, a conservadora Esperanza Aguirre, que ameaçou adiar o jogo para outro dia e sem torcida caso haja vaia ao hino e criticou a postura dos torcedores. O presidente do País Basco, Patxi López, e dirigentes catalães se irritaram com as declarações de Aguirre e pediram retratação, abrindo uma crise política entre Madri e as duas regiões.
A outra reação nacionalista veio por parte de grupos ultradireitistas espanhóis, que convocaram manifestação nacionalista contra “os movimentos separatistas” também para esta sexta-feira, não muito longe do estádio onde acontecerá o jogo, o Vicente Calderón.
O governo Madri tentou proibir o protesto direitista, com o lema “Contra o separatismo, uma bandeira”, mas no início da semana a Justiça regional deu parecer favorável ao ato. Madri chegou a recomendar também que o príncipe Felipe não fosse ao jogo, mas a Casa Real, responsável pelas atividades da monarquia, confirmou a presença do herdeiro do trono.
Os torcedores estão concentrados desde às 10h daqui em duas zonas de encontro, cada uma para um time, ambas dentro de um raio de 3 km. Já o protesto dos ultradireitistas acontece às 18h a 3 km da concentração do Barça e a 2km da turma do Athletic.
Para evitar encontros entre os três grupos, os policiais tentarão segurar os torcedores em suas zonas de concentração, mas não terão controle sobre os que estão soltos pelas ruas. Hoje de manhã já estava cheio de gente aqui pelo centro de Madri com camisetas do Athletic e do Barça (algo bem atípico na capital espanhola).
O governo mobilizou 1.500 policiais para vigiar as zonas de concentração do jogo, os arredores do estádio e o protesto nacionalista. Nesta manhã, o Ministério de Interior chegou a fazer uma blitz na estrada que liga o País Basco a Madri, causando retenções que deixaram torcedores do Athletic parados na via. A notícia chegou até o presidente do Partido Nacionalista Basco, que interveio e exigiu ao ministério a retirada da blitz, já desmontada.
Para completar, o jogo será também a despedida de Pep Guardiola, o estrelar técnico do Barça, no comando do time. Ontem, o catalão disse não concordar com a convocatória para as vaias.
Daqui a pouquinho veremos o que vai sair desse caldeirão. Aqui em Madri, espera-se que seja apenas um bom jogo de futebol!
Estou esperando a blogueira postar o pós jogo..rsrs…
Muito bom o texto!
Está lá Matheus!
Abs e obrigada.
Espanha é um conjunto de diferentes paises, com linguas diferentes e culturas diferentes. Realmente a Espanha é Espanha só desde o seculo XVIII (antes eram reinos diferentes com rei comun).
Na minha opinão, o nacionalismo de hoje,seja Catalã o espanhol, não tem sentido neste mundo ja global.