Taxi Rio-Madri
05/03/12 21:51Índice Bigmac à parte, outro bom medidor de como anda a economia real de um país podia ser o ânimo dos taxistas das grandes cidades dele.
Tive uma amostra disso em bate-papos com dois deles na mesma semana, mas em cidades bem distantes: um em Madri, outro no Rio.
O carioca, em cujo carro consegui entrar depois de alguma espera, obviamente se mostrava animado. Com Copa, Olimpíada e a boa fama do Brasil mundo afora, disse que nunca teve tantos passageiros. “Quando rodo pela zona sul não ando um quilômetro sem um passageiro me chamar”, contou, depois de orientar seu irmão, por telefone, que comprasse uma TV maior que a de 32 polegadas proposta por ele.
De fato, na corrida de dez minutos entre o Jardim Botânico e Ipanema, contei seis pessoas fazendo sinal para o animado taxista.
Bem diferente da cena de Madri, onde, dias depois, peguei um táxi da longa fila deles na saída do aeroporto de Barajas. O condutor, que como bom madrilenho e taxista adorava uma conversa, desandou a falar sobre a crise no seu ramo. Disse que encolheu seu salário em mais da metade: de uma média de € 2 mil ao mês, passou a tirar menos de € 1 mil mensais desde 2009. Em janeiro deste ano, contou que teve seu pior mês: € 800 euros.
Não são valores que chegam a fazê-lo passar fome — e pode ser até que o salário mais baixo ainda ultrapasse os de seus colegas cariocas. Para se adequar aos novos salários, sua solução foi cortar gastos extras como o aluguel de uma vaga de carro, o serviço de TV a cabo e vender uma televisão — o mesmo produto que o taxista do Rio está comprando…
E claro que há especificidades de cada cidade que tornam mais difíceis a comparação. Madri tem um sistema de transporte público invejável até pelos vizinhos europeus, o que torna menos sofrível para passageiros abrirem mão do serviço particular para se locomover. No Rio, com a Lei Seca forte e transporte público fraco, muitas vezes o táxi não é questão de opção.
Mas se houvesse um “índice taxista” por aí, certamente esses dois seriam bons medidores.
Gostei das matérias. Os taxistas no Brasil já ganham os 2mil euros outrora ganhos pelos seus colegas espanhois. Se analisarmos os taxistas de São Paulo e Rio de Janeiro, o Brasil está muito bem. Mas olhando o IDH do Brasil, ainda estamos muito distantes de merecermos respeito internacional.
Taxistas estão raros no mercado carioca. Se for para transportar compras então, fica quase impossível.
Com efeito, Luisa. Já tive oportunidade de ceder a minha vez no taxi aqui em Recife para um casal, ao sair do Fórum. Mas aqui existe um complicador, qual seja: a violência. De fato as pessoas andam menos de ônibus coletivo a noite, dados esses índices. E quando é já no início da noite, há muitos profissionais que não se arriscam fazer parada. Mamãe esteve na Itália em fevereiro, no meio daquele inverno rigoroso, contou-me que os taxistas que estavam rodando estavam bravos com a situação econômica, muitos poucos aliás na rua. São situações econômicas diferentes para atmosferas sociais diversas.
É verdade Leonardo, a questão da violência, ou ao menos da sensação dela, conta muito neste caso. Aqui em Madri andamos de ônibus e metrô durante toda a madrugada.
abraços.
Concordo com Leo Fernandes. Aproveito para saldar o amigo e que o mesmo mantenha contato para matarmos a saudade em ritmo pernambucano.
é verdade, aqui no Rio geralmente quando você salta de um taxi tem outro passageiro entrando!
Taxistas costumam ser mesmo uma das melhores fontes de pesquisa do mercado! Muito bom!