Tesoura na sexta-feira
16/03/12 22:00Tente entrevistar alguém aqui na Espanha depois das 15h de uma sexta-feira. Aliás, tente encontrar alguém em um escritório depois das 15h de uma sexta-feira. E tente fazê-lo em uma véspera de feriadão, como hoje.
Pois é, não são só os brasileiros que se coçam para sair correndo do trabalho no último dia da semana.
Claro que tudo é uma generalização e, nos dois casos, há de tudo. Mas aqui em Madri o fim de semana costuma começar sexta-feira logo depois do almoço, quando as ruas esvaziam e os bares enchem.
Eu costumo passar maus bocados sempre que tenho que entrevistar alguém numa sexta-feira. Nas poucas vezes que consigo, o faço com a indignação do entrevistado ou dos assessores de imprensa de órgãos públicos. Hoje mesmo ouvi de um deles a seguinte frase: “não há mais ninguém disponível, afinal já são 13h30 de sexta-feira!”.
Hábitos culturais e generalizações à parte, o governo anunciou também hoje, sexta-feira véspera de feriadão, outra tesourada: vai suprimir 24 empresas públicas, algumas delas inativas há 20 anos, como as criadas para supervisionar a Olimpíada de Barcelona ou mediar uma privatização da loteria que nunca aconteceu, e cortar participação em outras 35.
Coisas de país que acaba de saber que terá de diminuir ainda mais seu deficit público no fim do ano. Para cumprir o ultimato da União Europeia, que exigiu limite de 5,3% do PIB para o déficit da Espanha, o premiê conservador Mariano Rajoy e sua equipe estão passando a tesoura onde podem e não podem.
Até, dizem por aí, na sagrada tarde de sexta-feira.
Os brasileiros não veem a hora que chega a sexta-feira, mas, os brasileiros trabalham até as 18h nas sextas-feiras.
E todo o comércio trabalha no sábado também.
Sabe o que significa no PIB essa tarde perdida na Espanha ?
10% a menos no PIB…
Ahhh mas, os espanhóis querem consumir os 100% !
Ai o que fizeram quando eram socialistas e o governo “igualitário” socialista dava esses “direitos” todos aos correligionários ?
Emprestaram muito dinheiro e foram levando de barriga até os bancos europeus dizerem – chega, vocês já estão devendo alem da conta!
Bem Luisa, nada é de se estranhar na Espanha. Tempos idos, quando eu era ainda jovem, a “sexta” dos espanhóis me
indignava.
Fechavam-se o comércio para o almoço e só abriam depois das 16. Então……., agora vem o troco né? Sou muito exigente com os meus ancestrais? Bjo.
Oi Mirian,
A siesta ainda existe por aqui! Cada vez menos e mais em cidades menores, mas aqui em Madri o comércio de rua em geral, tirando os turísticos, supermercados e grandes lojas, fecham nesse horário. abs.