Contra a crise, cigarros mais caros
05/04/12 21:13Fumar, um hábito que o espanhol reduziu depois de uma lei proibindo cigarro em locais fechados no ano passado, vai ficar ainda mais difícil a partir de sexta-feira. Ou mais caro — 0,25 centavos por maço, mais precisamente.
Inflação? Longe disso. O aumento é a primeira resposta direta à “tesourada” no orçamento de 2012 que o governo apresentou ontem ao Congresso, na tentativa de provar à União Europeia que o país pode cumprir os limites de déficit imposto pelo bloco.
No pacotão de ajustes, o governo criou um novo tipo de tributação para todas as atividades comerciais relacionadas com o tabaco no país. Com isso, espera ganhar mais 150 milhões de euros neste ano.
Taí uma das poucas medidas de ajuste contra as quais ninguém protestou.
Correção: quase ninguém. A indústria de tabaco, a que mais vai desembolsar com o novo imposto, começou a chiar ontem, quando o governo apresentou o texto do orçamento no Congresso. A Philip Morris foi a primeira reagir e, segundo anunciaram os principais meios de comunicação na tarde desta quinta-feira, vai transferir a carga extra de imposto para o consumidor fumante.
Quando as tradicionais lojinhas de cigarros abrirem as portas na manhã desta Sexta-feira Santa, marcas como Malboro estarão à venda por 4,50 euros (até a noite desta quinta-feira, o maço custava 4,25 euros).
Uma observação: o preço pareceu caro? Para o espanhol também é. A alternativa que muitos fumantes daqui encontraram, sobretudo estudantes, foi comprar tabaco, filtro e papel e fazer seu próprio cigarro. O pacote sai por cerca de 4 euros e rende uns 60 cigarros, segundo me contam amigos adeptos desta prática. Um número, aliás, que cresceu com a crise. Em 2010, segundo o governo, 60% dos fumantes trocaram os cigarros industriais pelos artesanais.
Não se espante, portanto, quando você topar com alguém enrolando montinhos de erva em papel de seda no meio de uma praça ou na mesa de um restaurante. Via de regra, é tabaco “artesanal” mesmo.
Voltando à turma do cigarro industrial, quem fuma L&M e Chesterfield também vai ter que tirar mais moedinhas do bolso para financiar o cumprimento do déficit de seu governo a partir de sexta-feira. E pelo que a mídia local está dizendo por aqui o ajuste vai ser seguido por marcas de concorrentes, já afetadas pela lei de restrição ao cigarro em locais fechados que entrou em vigor aqui na Espanha ano passado.
Essa lei já havia mexido muito na relação dos espanhóis com o cigarro. Até 2010, era normal topar com um senhorzinho fumando enquanto lia o jornal e tomava café dentro de uma cafeteria antes das 9h. Qualquer boteco ou boate que se preze tinha uma cortina de fumaça em cima dos clientes, que agora recebem um carimbo na mão ou uma pulseirinha para poder fumar do lado de fora e voltar à festa.
Estranho estive em alguns bares aqui em Sevilha e eu fumei e meus colegas também fumaram dentro do bar.
que boa notícia! quando fui a madri, em 2008, tomei várias baforadas na cara em lugares fechados sem a menor cerimônia… os “fofos” espanhóis sequer se incomodavam de tirar a fumaça de cigarro da direção de quem estava do lado (aqui, quando podia, pelo menos rolava essa preocupação)…
Oi Natália,
Eu também adorei…
abs.
se os espanhóis soubessem da carga tributada aos cigarros aqui iam achar graça desse aumento deles.