Povoado respalda maconha na Espanha
10/04/12 21:14O povoado espanhol que quer plantar maconha para quitar dívidas, como a Folha e a TV Folha noticiaram na semana passada (aqui o vídeo e aqui a reportagem), ganhou hoje respaldo da sua população para o polêmico projeto.
Bom, a população é bem pequena: 950 habitantes, dos quais apenas 555 foram votar hoje no referendo que a prefeitura local resolveu fazer por causa do caráter, digamos, inédito da proposta.
A maioria dos votantes, 56%, se declarou a favor da medida, que consiste em alugar terrenos da cidade, Rasquera, para uma associação de auto-consumo de maconha de Barcelona. Essa associação, permitida por lei, planta a erva para o consumo próprio de seus membros, entre os quais há pessoas com recomendação médica para o uso da maconha.
É bem verdade que a cédula de votação do referendo de hoje não fazia menção direta à plantação de maconha. Perguntava, apenas, se o morador “está de acordo com o desenvolvimento do Plano Anticrise aprovado pela prefeitura de Rasquera em 29 de fevereiro?”.
Acontece que ali todos estão carecas de saber –principalmente pela presença da imprensa de todo o mundo — que a plantação de maconha é a medida “estrela” do tal plano anticrise.
Até aí, tudo muito bem. Mas…
O prefeito de Rasquera, Bernard Pallisa, havia declarado, no mês passado, que renunciaria ao cargo caso a proposta não tivesse o apoio de pelo menos 75 % dos moradores.
Hoje, já mudou um pouco o discurso. Disse que seria uma “frivolidade” se demitir agora, embora não negue que vá fazê-lo: “Estou satisfeito com o resultado [do referendo] porque demos uma lição de democracia. Não chegamos aos 75%, mas ainda temos que digerir este resultado. Não disse que não vou me demitir, mas isso não será hoje nem amanhã nem depois de amanhã”.
Outro porém: a Promotoria de Justiça da Catalunha, região onde fica o povoado de Rasquera, está analisando a legalidade do convênio. Até agora, não encontrou nenhuma frase na legislação que a impeça.
Depois que publicamos esta reportagem, muita gente levantou a questão de se fazer o mesmo no Brasil. E, quando eu visitei o povoado, fiquei surpresa ao ouvir de tantos moradores, inclusive os mais velhos e mais conservadores, que a crise exige alternativas como esta.
Vocês acham válido um projeto como este no nosso país? E aqui na Europa, como uma alternativa para pagar dívidas da crise, o que vocês acham?
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É simplesmente um absurdo uma medida dessas. Que caminho é esse? Plantar maconha para pagar dívida? Tá tudo doido. Tá tudo errado. Questionamento: “Será que é válido um projeto como este no nosso país?” O Brasil não precisa superar crise vendendo maconha. Será que não já estamos satisfeitos com todos os problemas que causam o tráfico e consumo de drogas? Precisamos de um projeto desse porte para afundar de vez e estarmos nas mesmas condições que o México? Que a Colômbia? É simplesmente ridículo. Meu intelecto não concebe esse tipo de proposta.
Pois é, esta notícia soa-me como mais um indício convincente de que o que é “moral”/ “imoral”; “legal”/ “ilegal”; “lícito”/”ilícito”…permitido e não permitido em dada sociedade datada no tempo/espaço histórico é cada vez mais moldado (no sentido de instituído: legalmente e moralmente via acordos e consensos sócio jurídicos) por valores de fundo (i.e. de origem essencialmente) econômicos! Eis a ‘saída’/ ‘democrática’ a “crise econômica” que assola os países europeus nos dias correntes. E pensar por este ângulo, esvazia, ou melhor, escamoteia de certa forma o viés criminalizante da questão da legalização da maconha (aqui no Brasil) – algo que ainda precisa ser melhor refletido pelo conjunto dos grupos sociais, uma vez que aqui ainda a ‘moral’ (no seu sentido negativo frente a questão) ainda é ponto de inflexão! Já no caso espanhol, a ‘criminalização’ não vem mais ao caso, uma vez que, o uso, o plantio e a comercialização já são legal e moralmente concebidos.
Então cara jornalista: a meu ver: sua questão é inaplicável ao nosso contexto no presente momento. Mas, este é o risco que se corre quando se pensa ser possível apenas ‘comparar’ realidades sociais distintas que por uma série de fatores vivenciam a aparente ‘mesma questão’ de formas totalmente diferentes!
É isso ^^