Adoro passar o dia 23 de abril aqui em Madri. Sempre nesta data, a capital e as principais cidades da Espanha espalham livros pelas ruas, que até o fim da noite são acompanhados de shows, debates entre escritores, cineastas e filósofos, sessões de autógrafos, atividades especiais em museus e bibliotecas.

Tudo para celebrar o Dia Internacional do Livro, festividade que segundo a União Europeia foi criada na Catalunha. Nessa região, a data coincide com o dia de Sant Jordi (São Jorge, para os brasileiros de fé!). Por lá, a tradição no dia é distribuir rosas, que se misturam aos livros.

Aqui em Madri, o centro ficou cheio de gente –e de livros– até o fim da noite. Ao longo do dia, mais de 600 escritores, músicos, cineastas e artistas participaram das atividades. A última delas foi um concerto na praça da Porta do Sol, acompanhado de cartoons feitos na hora.

Para mim, a iniciativa mais legal da data é o book crossing, atividade em que as pessoas, voluntariamente, deixam livros seus em pontos específicos de cidades como Madri, Barcelona, Bilbao e Valência. E recolhem os que quiserem.

Ao longo do ano, porém, sempre me chama a atenção o número de pessoas que leem no metrô, em ônibus, nos parques, nas praças e nos cafés. Para onde quer que se olhe, há alguém com um livro na mão. Ou, nos últimos anos, um tablet. Segundo uma pesquisa sobre hábitos de leitura feita pelo CIS (Centro de Pesquisas Sociológicas, na sigla em espanhol), do governo, 60% da população com 14 anos ou mais na Espanha lê um livro no tempo livre. Só que 80% dos entrevistados disseram também achar que deveriam ler mais, e 26% afirmaram ler livro todos os dias.

Longe das ruas, é também neste dia que o rei Juan Carlos 1º entrega o Prêmio Cervantes, que a cada ano homenageia alguém do mundo da literatura. Desta vez, o premiado foi o poeta chileno Nicanor Parra. Aos 97 anos, enviou à Espanha seu neto para representá-lo.

Quem também ficou em casa este ano, pela primeira vez, foi o rei espanhol, que ainda se recupera do rompimento de quadril durante a polêmica viagem para caçar elefantes (está difícil escrever um post sem mencionar o caso…).

Ele foi substituído pelo filho, o príncipe Felipe.