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Luisa Belchior

Diário Ibérico

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Um ano de indignação

Por Luisa Belchior
16/05/12 14:36

Não terminou muito bem a comemoração do aniversário de um ano do movimento dos indignados aqui em Madri.

Esse movimento, para quem não lembra, é aquele que tomou as praças de toda a Espanha em protestos e acampamentos em maio do ano passado e exportou a ideia para outras capitais ocidentais, como Londres, São Paulo e Nova York (que criou o Ocupe Wall Street).

Desde o último sábado, os indignados voltaram às ruas da Espanha para mostrar que, um ano depois, seguem na ativa. Mas a polícia, desta vez sob o comando do governo conservador de Mariano Rajoy, impediu que eles ocupassem novamente a Porta do Sol, a praça central de Madri onde o movimento começou, de forma espontânea, no dia 15 de maio de 2011.

Antes mesmo das comemorações, o governo já havia avisado que os indignados não poderiam acampar na praça. Os manifestantes ignoraram a ordem e instalaram barracas na praça, mas foram despejados no meio da madrugada, segundo eles sob violência dos policiais. Dezoito membros do grupo foram presos, e três deles serão julgados, podendo pegar até quatro ano de prisão.

Na segunda-feira, ao tentar voltar à praça, os indignados foram novamente impedidos pela polícia. E, ontem, dia em que oficialmente o movimento completou um ano (por isso, ele é chamado por aqui de 15-M, em referência à data, 15 de maio, em que surgiu), policiais cercaram totalmente a Porta do Sol, impedindo a entrada dos manifestantes.

Sem acesso à praça, eles fizeram uma marcha até a Bolsa de Madri, acompanhados de um forte aparato policial, que incluiu camburões, homens em cavalos e helicópteros, que sobrevoaram o centro da cidade toda a madrugada. Que o diga moradores da zona, como eu…

Hoje, o governo afirmou que identificou nada menos que 550 membros do movimento através de imagens e detenções. Todos serão multados em 300 euros por desrespeitar a ordem de não acampar na Porta do Sol.

Em um site criado para acompanhar as celebrações de um ano dos indignados, o grupo postou ao vivo as ações da polícia. Para quem quiser dar uma olhada, ele está disponível aqui.

Mesmo com a alegada represália, os indignados conseguiram mobilizar cerca de 200 mil pessoas e, de sábado a terça-feira, organizaram manifestações, assembleias, marchas, acampamentos e palestras. As atividades que eu acompanhei na Porta do Sol estavam sempre cheias de gente, e me chamou a atenção a quantidade de idosos e famílias com crianças.

Nesses quatro dias, eles foram destaque e tema de longas reportagens em meios de comunicação, que mostraram o que o movimento fez ao longo do ano, o que conquistou, o que não conseguiu conquistar, dissidências e etc.

A Espanha ainda tenta compreender o que é este movimento e quão efetivo ele realmente pode ser. A avaliação de boa parte de sociólogos, historiadores, economistas com quem conversei ou que escrevem sobre os indignados é que se trata do principal movimento social desde o fim da ditadura de Franco, embora ele ainda tenha alcançado pouco os níveis políticos.

Seu maior mérito, dizem, é ter despertado a indignação e a mobilização dos espanhóis, que em geral mantêm uma postura um pouco apática ante a crise econômica, os cortes de benefícios sociais e a alta taxa de desemprego.

 

 

About Luisa Belchior

Luisa Belchior , 30, vive em Madri desde 2009. É doutoranda em Migrações Internacionais pela Universidade Complutense de Madri, onde cursou também especialização em Informação Internacional e Países do Sul. Começou na Folha em 2007, na sucursal do Rio, cobrindo os casos de violência da cidade. Antes, trabalhou no “Jornal do Brasil” e em “O Fluminense” e viveu seis meses nos Estados Unidos. É formada em jornalismo pela PUC do Rio de Janeiro. De Madri, é também correspondente da "Globonews" e da “Radio França Internacional” e faz colaborações para a revista “Vogue”.
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Comentários

  1. Pedro comentou em 17/05/12 at 8:07 pm

    As vezes eu sinto falta dessa indignação aqui no Brasil. Pode ser que os problemas não sejam os mesmos, mas devemos reclamar sempre.

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