Não deu nem tempo de curtir a ressaca. No dia seguinte da comemoração pela conquista da Eurocopa, a Espanha acordou hoje com um balde de água fria. Um não, vários.

Primeiro, o premiê Mariano Rajoy avisou que vai “pisar no acelerador” das reformas e cortes de orçamento ainda neste verão europeu. Depois os bancos avisaram que o crédito não deve voltar a crescer antes de 2015. E no meio disso o instituto de estatística divulgou que o desemprego ainda é maior que no ano passado, mesmo tendo diminuído no último mês.

Esta queda de desempregados em junho foi uma das poucas boas notícias que ajudaram a segurar a ressaca nesta terça-feira. É uma redução esperada nesta época, porque quando chega o verão por aqui setores como turismo, restaurantes e agricultura sempre contratam mais gente. Mesmo assim, os dados divulgados hoje deram uma animada no país, porque essas contratações de verão conseguiram reduzir o número de desempregados em quase 100 mil pessoas, na comparação com maio.

A notícia ruim é que, mesmo assim, o país ainda tem mais desempregados que no ano passado: agora em junho, havia 4,6 milhões de pessoas sem trabalho, contra 4,1 milhões no mesmo mês em 2011.

E as perspectivas para o pós verão não são muito animadoras. E não só porque essas contratações temporárias vão colocar espanhóis de volta nas filas de emprego, mas também pelo discurso de Rajoy. Ao anunciar uma nova onda de cortes e subida de impostos para conseguir reduzir o deficit, o premiê pressionou as comunidades autônomas –espécie de estados, só que com mais autonomia– para ajustar ainda mais suas contas, o que deve destruir empregos nessas regiões.

Nesta terça-feira, o presidente de várias dessas comunidades autônomas, como a Catalunha, a Andaluzia e o País Basco, protestaram contra o recado de Rajoy, abrindo uma nova crise política interna por aqui. Mais uma dor de cabeça para a ressaca que os espanhóis vão ter que tentar curar nos próximos dias.