Nestes dias de férias e muito (muito) calor aqui em Madri, a capital espanhola fica bem vazia. Não fosse pelos turistas, que bravamente enfrentam os 40ºC pelas ruas, seria quase uma cidade fantasma.

É que, além de muitas lojas e escritórios fecharem por 15 dias ou até mais e os serviços ficarem mais lentos, e os madrilenhos botam o pé na estrada, assim como muitos espanhóis das grandes cidades no país.

O pessoal aí do Brasil, que recebe tanta notícia de crise aqui da Espanha, deve estar se perguntando: ainda há dinheiro e ânimo para férias?

Ânimo, sempre –o sangue latino dos espanhóis não nega uma celebração. Dinheiro, nem sempre. Por isso, a solução que muita gente por aqui encontrou foi  passar férias em seus povoados.

Os espanhóis chamam esses lugares de “pueblos”, que às vezes são até cidades médias e outras pequenas agrupações de casas de onde muita gente que hoje vive nas grandes cidades nasceu e foi criado.

Este movimento rumo aos “pueblos” já acontece desde 2009, mas neste ano ganhou mais visibilidade. Jornais e programas de TV têm mostrado constantemente reportagens de aumento da atividade econômica nesses povoados, de dicas para aproveitar melhor o verão na casa da família, etc.

Existe até esta página no Facebook criada especialmente para quem vai de férias a seus povoados por causa da crise.

Uma marca de cerveja que faz spots publicitários diferentes a cada verão elegeu este ano o tema da volta ao povoado. No anúncio (veja aqui), o protagonista vai passar férias em seu povoado –que neste caso é nada menos que a Serra de Tramutana, parque natural no meio da ilha de Menorca, uma das baleares, e rodeado por praias paradisíacas.

Nem todos têm a mesma sorte, mas quem vai para o “pueblo” costuma voltar falando maravilhas das férias relaxantes, tranquilas, com a família e reencontrando amigos. Este ano, três amigos espanhóis me relataram a mesma coisa, e um programa da Televisão Espanhola sobre o tema que assisti outro dia ouviu o mesmo dos entrevistados.