Madri já teve mais de duas mil manifestações anti-austeridade só neste ano. Foi protesto de tudo quanto é jeito contra a política de corte de gastos e o alto desemprego.

Mesmo assim, o pessoal aqui ainda encontra novas formas de protestar. A de hoje vai ser um “abraço coletivo” ao Congresso, que será feito por moradores da capital e de outras cidades espanholas.

Ao longo do dia, cinco manifestações saem de pontos diferentes do centro da cidade até a porta da Câmara dos Deputados, onde os protestantes farão o tal abraço, que, apesar do nome, não reflete nenhum sentimento de compaixão ao Congresso.

Pelo contrário. Com o gesto simbólico, eles querem mostrar que não concordam com o que vem sendo aprovado pelos parlamentares.

Há meses, o governo vem discutindo se permite ou não a manifestação. Ela foi anunciada na última greve geral, quando a polícia cercou todo o quarteirão ao redor do prédio da Câmara dos Deputados, bloqueando ruas e a passagem de moradores e pedestres, que eram abordados e revistados ao tentar passar.

Manifestantes e até parlamentares se revoltaram contra a medida, e, por isso, lançaram a ideia do “Ocupe o Congresso”, que virou “hashtag” e se espalhou rapidamente pelas redes sociais.

O governo acusou os líderes da iniciativa de querer tomar um prédio institucional. Eles foram detidos, prestaram depoimentos e alegaram que a ideia era apenas dar um “abraço simbólico” ao edifício.

Mesmo assim, nesta madrugada 1.300 policiais voltaram a cercar o prédio e formaram uma espécie de bunker nos arredores da Câmara, que fica no centro de Madri. O site do jornal “El País” fez esta sessão de fotos do aparato da polícia por lá.

A representante do governo nacional em Madri, Cristina Cifuentes, chamou a manifestação de uma “atitude claramente golpista” nesta entrevista que deu na noite de ontem.

Os manifestantes, por outro lado, acusaram o governo de tentar impedir o ato –a Constituição espanhola permite, como muitas outras, a realização de manifestações em espaços públicos, contanto que avisada antes. Nas redes sociais, muita gente está relatando ter sido abordado por policiais em transportes públicos no caminho até o centro de Madri.

Os organizadores criaram até um livestream (veja aqui) para transmitir ao vivo o movimento no centro.

Até agora, estão os manifestantes de um lado e a polícia de outro. Mais tarde conto aqui o desfecho.