Economia de guerra?
29/10/12 18:37Neste domingo, uma reportagem do “El País” fala em economia de guerra na Espanha por conta da crise.
Estava lendo o jornal em um café lotado em La Latina, bairro onde moro e que cospe gente para fora dos bares nada baratos a cada fim de semana.
Acho que nem o jornal e nem a população que dedica seus domingos a gastar dinheiro com tapas e bebidas estavam exagerando em seus retratos da realidade na Espanha: ambos mostram os dois lados dela.
A realidade do jornal fala de uma Espanha cujo o número de desempregados voltou a subir na sexta-feira, superando pela primeira vez os 25% da população economicamente ativa do país.
Fala também da Espanha das manifestações, que já viraram rotina aqui em Madri. Deste sexta-feira até hoje, houve quatro protestos no centro da capital. Uma a cada dia, incluindo sábado e domingo.
Isso só para falar da capital. Em Barcelona, “vovôs indignados”, uma espécie de braço da terceira idade do movimento dos indignados, foram detidos pela polícia, alguns imobilizados no chão, quando tentavam entrar na sede do governo catalão para pedir audiência com o presidente da região, Artur Mas.
Na Galícia, houve protesto hoje na porta de um apartamento onde foi executada mais uma ordem de despejo, da qual o morador saiu direto para a ambulância, com crise de ansiedade.
De volta à Madri, também nesta segunda-feira funcionários do transporte público fazem nova jornada de greve e, como não, marcharam pelas ruas da cidade. “Vou desviar porque hoje tem manifestação de novo, para variar”, disse-me o taxista na noite de sábado, mostrando-se indignado com o número de protestos. “Acho que estão exagerando, parece que estamos voltando aos tempos da ditadura”.
E, para juntar ali todas as convulsões sociais que acontecem atualmente por aqui, ele ainda travou uma discussão com um amigo catalão, que também estava no táxi, sobre o movimento pela independência da Catalunha. Temi por não chegar ao meu destino.
Ao mesmo tempo, os bares, restaurantes, discotecas, parques e cinemas aqui em Madri estavam lotados neste fim de semana, o primeiro de frio. E não falo de turistas, mas espanhóis mesmo.
Como já disse no blog, salvo casos extremos que são cada vez mais frequentes, a vida continua por aqui, pelo menos por enquanto. Por isso fico na dúvida se estamos já em uma economia de guerra.
O que vocês acham?
Ainda nao vi aumento de favelas em Espanha, possibilidade de comprar tudo em X vezes sem juros, mutiroes na saude, limpeza de vias publicas, etc. Espanha ainda esta longe disso.
Esperemos que nunca se saiba o que é isso de ‘economia de guerra’!
As dicotomias estão por todo o lado e posso dar como exemplo São Paulo: ainda são comuns os crimes violentos, ônibus a arder, PMs assassinados com muita frequência, problemas infraestruturais, etc, etc. Em Madrid, uma situação similar, seria considerada um estado de emergência – uma verdadeira sitruação de guerra!
Mas obviamente que um Paulista(no) nunca dirá que vive numa situação dessas, sobretudo com a economia em alta! Há que ter em consideração o contexto.
Uma retracção no consumo – nos bares, restaurantes, cafés, cinema, teatro – seria a estocada final da economia.
Que ao menos quem ainda o possa fazer estimule a economia, mesmo que seja a ‘pequena’. Cada cêntimo é um cêntimo.
Abr.
Por favor defina “economia de guerra”
Levy,
Uma economia de sobrevivência, de contração, na qual gastos supérfluos ou até que não sejam básicos são enxugados ou totalmente excluídos, em que o governo centra incentivos na produção de artigos básicos, etc.
Mas e o que é supérfulo? Ou até mesmo o que básico?!
Ainda muito longe do racionamento e da produção ‘básica’ bélica.