Em duas semanas, europeus em greve
30/10/12 09:02Vem aí uma nova greve geral na Espanha e em Portugal. Será no próximo dia 14, junto com uma série de paralisações programadas em toda a Europa contra os planos de austeridade de governos de países da União Europeia.
Por aqui, a greve se tornou oficial ontem, quando os principais sindicatos espanhóis registraram a convocatória de greve no Ministério de Trabalho, trâmite para que o governo valide a manifestação.
Para além do fato de que será a segunda paralisação conjunta de todos os setores do país no mesmo ano, chama a atenção que ambas ocorrem na gestão do premiê Mariano Rajoy. Isso em menos de um ano de governo _que Rajoy completa no fim de dezembro_, algo inédito no país. De toda a histórica democrática do país, é a oitava.
A greve, que já estava nos planos dos sindicatos, ganhou fôlego com o anúncio do governo de que enxugará o número de funcionários públicos não concursados. A medida afetará cerca de 800 mil famílias que dependem destes cargos, segundo o sindicalista Candido Mendes, secretário geral da UGT (União Geral dos Trabalhadores), um dos dois principais sindicatos daqui da Espanha. Tudo, disse ontem, para cumprir com a “obsessão do governo em reduzir ao mínimo os serviços públicos” na Espanha.
O governo acusa um caráter político na paralisação e diz lamentar que, em um momento de crise, funcionários deixem de produzir e afetem a economia do país. Por este motivo, dois sindicatos, um de funcionários públicos e outro do País Basco, anunciaram que não vão aderir à greve.
Ainda assim, espera-se uma adesão alta à greve, porque, como já comentei aqui antes, serviço público é coisa séria para espanhóis, e mexer nele, mais ainda.
Ajuda também o fato de que, desta vez, a paralisação se estenderá a outros países europeus. A Confederação Europeia de Sindicatos convocou para este mesmo dia, 14 de novembro, a chamada Jornada de Ação e Solidariedade Europeia, que incentiva greve de todos os setores nos países do continente.
Como o grau de irritação dos cidadãos com seus governos tem sido maior no sul da Europa e especialmente na Península Ibérica, as paralisações mais fortes devem ocorrer mesmo aqui por baixo. Portugal, por exemplo, também já confirmou para o dia 14 uma paralisação geral, que por lá é a terceira em um ano e quatro meses do atual governo do premiê conservador Passos Coelho.
Em Lisboa, a adesão também promete ser grande. Primeiro porque, desde meados deste ano, os portugueses começaram a levar sua insatisfação às ruas em protestos massivos, como contei neste post. Para completar, o governo aprovou nesta semana o polêmico e austero projeto de Orçamento de 2013. Votado sob uma chuva de protestos no centro de Lisboa, a proposta prevê aumento de impostos, contração de salários de funcionários públicos e redução de € 5,3 bilhões (R$ 13,9 bilhões) nos gastos do governo no ano que vem.