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Luisa Belchior

Diário Ibérico

Perfil Luisa Belchior é correspondente-colaboradora em Madri

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Três mortes no Halloween madrilenho

Por Luisa Belchior
01/11/12 20:06

Estava me preparando para escrever hoje um post leve sobre o Halloween aqui em Madri. Iria dizer que, apesar da pouca influência da cultura norte-americana, os espanhóis abraçaram o Dia das Bruxas e o celebram todos os anos com festas e fantasias.

Tirei fotos de pessoas fantasiadas pelas ruas e pelo metrô para mostrar o nível de criatividade e produção da garotada que passa a noite festejando, aproveitando o feriado de Todos os Santos neste 1º de novembro. E também mostrar que, nessa noite, as pessoas circulam com a cara totalmente pintada e fantasiada da cabeça aos pés, como nos nossos carnavais.

Por fim, comentaria que a noite de Halloween aqui em Madri sempre me pareceu um pouco sufocante pelo número de pessoas na rua e em bares e discotecas, mas que admito ser também uma noite alegre e com manifestações diversas ao longo do dia. Este ano, por exemplo, estudantes da Universidade Complutense de Madrid fizeram uma coreografia do épico “Thriller”, de Michael Jackson, para protestar contra cortes na educação.

Bom, meus planos foram por água abaixo já na hora que acordei, com a notícia de que um dos principais festejos de Halloween terminou em tragédia aqui em Madri. Três jovens morreram e outras duas estão internadas depois de serem pisoteadas durante um tumulto em uma festa, como a Folha noticiou mais cedo.

Era uma festa de música eletrônica que acontecia em um espaço para eventos da prefeitura de Madri, perto do centro. Por 22 euros (cerca de R$ 58), aproximadamente 10 mil pessoas, segundo a prefeitura, entraram no local para assistir a apresentações de DJs ao longo da noite.

Por volta das 4h, suspeita-se que alguém lançou um rojão dentro do espaço. O barulho despertou pânico e corre-corre. Muita gente, segundo os relatos de quem estava lá, foi pisoteada, entre elas três adolescentes que morreram de parada respiratória, duas delas antes mesmo do socorro chegar. Outros dois jovens seguem hospitalizados.

O caso chocou o país e, em meio a crise, novos cortes em Saúde e afins, foi o grande destaque do dia em todos os noticiários e sites de notícias. Mas ainda não foi encerrado. A polícia investiga agora como os organizadores deixaram entrar um rojão e também suspeita de que tenham extrapolado o limite máximo de pessoas permitido para o local.

A prefeitura de Madri, que decretou luto oficial na cidade na sexta-feira, negou e disse que a casa vendeu cerca de 9.600 entradas. Mas ao longo do dia participantes da festa deram depoimentos afirmando haver muito mais do que isso. Um adolescente contou à rede de televisão Sexta que seguranças não registravam as entradas através dos códigos de barra.

Como ele, dezenas de jovens deram depoimentos à redes de televisão ao longo do dia contando que quase não conseguiam se mexer dentro da festa. No momento do corre-corre, disseram que ficaram até 30 minutos presos na multidão e que, apesar da tragédia, a festa não foi interrompida em nenhum momento.

A Polícia Federal, acionada no momento, foi quem ordenou que a festa continuasse, para evitar ainda mais tumulto e novas mortes.

Pela tarde, os noticiários já mostraram imagens gravadas com celulares dentro da festa e durante o tumulto, com grupos de jovens retidos por seguranças e buscando saídas.

O caso lembra, em proporções menores, o do festival Love Parade na cidade de Duisburg, na Alemanha, em 2010, em que 19 pessoas morreram e outras cerca de 350 ficaram feridas durante um tumulto descontrolado.

No Twitter, pessoas que estavam na festa contavam sobre o excesso de gente ainda antes da tragédia. Hoje, ao longo do dia, “Madrid Arena”, nome do local onde ocorreu a festa, foi ‘trending topic’ _ou seja, uma das palavras mais repetidas na rede.

Amanhã a cidade estará de luto, e acho que definitivamente não conseguirei mais achar a festa de Halloween alegre aqui em Madri.

 

About Luisa Belchior

Luisa Belchior , 30, vive em Madri desde 2009. É doutoranda em Migrações Internacionais pela Universidade Complutense de Madri, onde cursou também especialização em Informação Internacional e Países do Sul. Começou na Folha em 2007, na sucursal do Rio, cobrindo os casos de violência da cidade. Antes, trabalhou no “Jornal do Brasil” e em “O Fluminense” e viveu seis meses nos Estados Unidos. É formada em jornalismo pela PUC do Rio de Janeiro. De Madri, é também correspondente da "Globonews" e da “Radio França Internacional” e faz colaborações para a revista “Vogue”.
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Comentários

  1. Denise comentou em 04/11/12 at 11:45 am

    Lamentável o ocorrido. Que Deus conforte os corações das famílias. Tantas coisas boas Deus e a família dá aos jovens hoje, mas muitos têm procurado se divertir em ambientes que levam a tragédias.

  2. carmen comentou em 04/11/12 at 11:14 am

    duas vidas perdidas, que lástima! e dessa vez os touros nem foram os culpados!

  3. Gabriel Santiago comentou em 02/11/12 at 11:46 pm

    “Halloween”.
    Essa “festinha” que está nas origens Celticas,está agressivo em todo mundo. Vai piorar se continuam ignorando o significado e mais alienados que nunca. Acho que os espanhois poderiam ter essa festa mais amena nos rituais celticos da Galícia, parece que ainda o povão está longe da cultura como diversão feliz.

  4. Ellen Cristina comentou em 02/11/12 at 6:02 am

    dá uma volta por São Paulo e no dia seguinte conte o número de mortos.confesso que vc não vai ter nem vontade de almoçar.

    • Luisa Belchior comentou em 02/11/12 at 12:56 pm

      Com certeza Ellen…
      abs,
      Luisa.

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