Espanha desliga ´irmã gêmea´ de Fukushima
18/12/12 21:02A Espanha desativou ontem sua principal central nuclear, de Garoña, considerada “irmã gêmea” de Fukushima por ter um modelo idêntico ao primeiro reator da japonesa a explodir no ano passado.
A desativação da central ainda em 2012 não era prevista nem por ambientalistas, que já haviam conseguido que a usina encerrasse suas atividades antes do previsto. O motivo aqui foi uma briga política.
Garoña é a central nuclear ativa mais antiga da Espanha e uma das mais poderosas da Europa, com potência de 460 MW. Sua vida útil terminaria em 2009, data determinada já na sua criação, em 1971. A administradora da central conseguira prorrogar o funcionamento da usina por mais 10 anos. A autorização, dada pela agência reguladora das usinas nucleares no país, enfureceu os ambientalistas espanhóis, que conseguiram reduzir o prazo para 2013.
Ano passado, governo e oposição chegaram a ensaiar uma tentativa de prolongar a atividade da usina, apoiados pela administradora. Até chegar a política de austeridade do atual governo. Neste fim de ano, a administração do premiê Mariano Rajoy aprovou a aplicação de novas taxas para as nucleares para o início de 2013. O que tornaria Garoña economicamente inviável, segundo a Nuclenor, empresa gestora da central, que calcula gastar cerca de 153 milhões de euros com a nova taxa.
Sem acordo com o governo, a empresa decidiu desligar a usina e avisou que, caso Rajoy não ceda até o último dia de 2012, Garoña fechará definitivamente. A maioria das análises do caso falam de chantagem política, que o governo não dá sinais de que aceitará.
A decisão divide opiniões por aqui. Por um lado, economistas apontam que a Espanha terá de pagar mais pela energia que produzia até ontem em Garoña. Ecologistas querem que a questão ambiental volte a ser a determinante para o fechamento da central nuclear, e moradores da região temem pelos cerca de 1.000 empregos diretos e indiretos proporcionados por Garoña.