Seguindo os passos da Catalunha, Madri passou a cobrar ontem um euro por cada remédio prescrito, antes totalmente subvencionado. Dá para imaginar que o governo da capital angariou não só a ira dos beneficiados pela medida, na maioria aposentados, como a Folha noticiou hoje.

Já no fim de 2012, os profissionais da area de saúde de Madri estavam em pé de guerra com o governo local contra por conta de cortes e demissões. Agora, o “euro por receita”, como vem sendo chamada por aqui esta nova medida, deu um gás aos protestos neste comecinho deste 2013.

Um das vias para isso tem sido a do calote. Nas redes sociais, espanhóis estão espalhando um movimento para boicotar a nova norma, a partir de uma brecha na lei que permite não pagar a taxa por medicamentos antes fornecidos sem custo aos beneficiário.

O movimento dos indignados, aquele que tomou as praças da Espanha em 2011, divulgou um “guia da insubmissão” ao pagamento da taxa extra, explicando o que as pessoas devem fazer para não paga-la dentro das vias legais.

Eles estão distribuindo também este panfleto com o passo-a-passo do “calote legal”. Na Catalunha, onde a taxa já existe desde o ano passado, internautas espalharam pela rede um formulário para quem não quer pagar o euro extra.

Dentro do próprio governo também existe controvérsia sobre o novo sistema. O governo central, do mesmo partido do de Madri, o PP (Partido Popular), está na Justiça contra a Catalunha justamente pela região ter adotado o “euro por receita” no ano passado. Agora, a gestão de Mariano Rajoy terá de lidar com o conflito dentro de seu próprio partido, sua primeira grande dor de cabeça de 2013 apenas três dias após começar o ano.