Genro do rei volta aos tribunais
23/02/13 19:26Se ontem o ex-tesoureiro do PP (Partido Popular) enfrentou um novo depoimento à Justiça e o assédio da imprensa, hoje foi a vez de o genro do rei Juan Carlos 1º, Iñaki Urdangarín, passar pelo mesmo.
Casado com uma das filhas do rei, a infanta Cristina, Urdangarín vem sendo investigado há pouco mais de um ano pela Justiça por suposto fraude fiscal cometido pela sua empresa.
Nesta manhã, ele voltou aos tribunais, em Palma de Mallorca, para prestar novo depoimento. Antes disso, só havia sido convocado em uma ocasião, há quase um ano, na primeira vez que um membro da família real espanhola tenha tido que se apresentar à Justiça.
Desde então, o caso nunca esfriou. De tempos em tempos, uma série de novas acusações recaem sobre ele e, em menor medida, sua mulher, a infanta Cristina. A principal delas é ter desviado milhões de euros em dinheiro público e ainda cometido fraude fiscal, deixando de pagar ao Tesouro € 470 mil (cerca de R$ 1.300) entre 2004 e 2007.
Por isso, havia grande expectativa para seu depoimento, acompanhado por cerca de 200 jornalistas de dentro e fora da Espanha, além de outros dezenas que o esperavam de sua casa, em Barcelona, e do tribunal, em Mallorca.
Em nenhum dos casos, ao contrário do ano passado, Urdangarín falou à imprensa. Dentro do tribunal, sua maior preocupação foi desvincular a família real de qualquer ligação com sua empresa, e, portanto, de supostas irregularidades cometidas por ela. Ao longo das investigações, se levantou a suspeita de que o rei sabia das atividades do genro.
Urgadangarín disse ainda que ele se afastou da empresa assim que a Casa Real aconselhou. Em quatro horas de depoimento, ele negou outras acusações, como ter desviado dinheiro público ou manter contas fora da Espanha.
Na avaliação geral de comentaristas em sites e programas de televisão ao longo do dia é que a Casa Real ordenou Urdangarín a, antes de tudo, afastar o rei e sua família de qualquer atividade mantida por ele fora da agenda real. Antes de responder às perguntas, ele leu uma carta afirmando que a Casa Real nunca soube de suas atividades e que lhe recomendou afastar-se delas.
Esta semana, o ex-sócio de Urdagarín Diego Torres disse em depoimento à Justiça que a Casa Real dava respaldo às atividades comerciais do duque de Palma, contanto que ele as fizesse com discrição.
A estratégia faz parte da tentativa da realeza espanhola de limpar sua imagem, depois de um ano marcado por tropeços como a fatídica viagem do rei Juan Carlos 1º para caçar elefantes em meio à crise de seu país.
Ontem, coincidentemente ou não, o porta voz da Casa Real afirmou que o rei descarta abdicar a seu posto, uma hipótese que se vem levantando por aqui.