Mapa mostra jovens 'exilados' da Espanha
26/02/13 17:53Os jovens espanhóis não estão deixando seu país: são expulsos dele. Essa é a mensagem de uma iniciativa lançada nesta terça-feira para mapear e catalogar, com a ajuda do Google Maps, para onde e por que emigram tantos espanhóis entre 15 e 29 anos –desde 2009, foram cerca de 60 mil.
O projeto, idealizado por um movimento chamado “Jovens Sem Futuro”, é uma espécie de registro virtual do “exílio forçado”, na definição do grupo, de uma parte dos cerca de 300 mil espanhóis entre 15 e 29 anos que vivem fora de seu país, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas daqui. O projeto, em andamento, pode ser acompanhado neste site.
Como vocês devem ter lido, o desemprego juvenil na Espanha alcança já uma taxa de 55%, segundo os últimos dados sobre emprego no país, de janeiro deste ano. Entro os que continuam aqui, 45% trabalham sob contratos de trabalho temporários ou de estágio, o que o pessoal por aqui chama de “contrato basura”.
O mapeamento começou nesta manhã e, em dez horas de atividade, o site já recebeu 2.000 inscrições, segundo seus criadores. Nelas, jovens que se dizem forçados a deixar a Espanha ou em vias de fazê-lo contam suas histórias. Ao indicar o local em que vivem atualmente, seu registro é automaticamente transformado em um indicador no mapa.
A intenção do site, diz o grupo, não é ser uma base ampla de dados dos jovens exilados, mas mostrar, através de seus relatos, que muitos jovens espanhóis deixam o país forçados pela falta de trabalho.
E também juntar forças para, no lugar dos jovens, mandar embora a política de austeridade e seus responsáveis, como advoga o grupo.
O que eu acho mais surreal dessa crise toda na Europa é que ao invés de as pessoas se indignarem com quem as endividou, elas se indignam com aqueles que estão tentando resolver o problema.
e em geral é um caminho sem retorno, uns casam , outros se adaptam no outro país e acabam trazendo outros familiares também.
A UE foi criada também, creio, com a finalidade de facilitar o deslocamento de seus cidadão entre os vários países que a formam. Não sei se esses deslocamentos ( no caso espanhol tendo como causa a falta de oferta de empregos para essa faixa etária), poderia ser classificado como emigração, pois afinal (não foi colocado o destino dessa massa), se o fazem dentro das fronteiras européias, o conceito emigração fica relativizado. Gostaria de sua opinião sobre esse ponto.
Alfredo.
Alfredo,
Boa observação. Sem dúvida o conceito de migração tem que ser relativizado quando um espanhol sai de seu país mas continua na UE, que permite a livre circulação de cidadãos de seus estados membros. Por um lado, ele vai pular trâmites burocráticos como ter que tirar um visto de residência ou de trabalho –e quem já morou fora sabe bem como é difícil passar por essa burocracia. Por outro, acredito que o processo é o mesmo: ele vai para outro país, falará outro idioma, estará longe de casa e terá que se adequar a um clima e a um ambiente diferentes do seu.
Abs e obrigada pelo comentário.
O pior é que a Espanha já tem uma taxa de fecundidade muito baixa, isto é, nascem poucos bebês. Isso significa que, se o êxodo de jovens aumentar, a Espanha vai virar um país de velhinhos, com menores chances de sair de se tornar uma economia dinâmica novamente.