Contra a troica, hino dos Cravos
28/02/13 21:41LISBOA
Interromper discursos de políticos com o hino da Revolução dos Cravos é a mais nova forma de manifestação –e uma das mais criativas– dos portugueses. Duas semanas após seu início, o movimento ganhou fôlego, e a canção “Grândola, Vila Morena”, é o novo “hit” dos indignados ibéricos.
Digo ibéricos porque também em manifestações na Espanha já se entoa a canção, que é o hino do fim do regime fascista em Portugal. Em 1974, a sua transmissão por uma rádio foi a senha para o início da Revolução dos Cravos.
De volta a 2013, o resgate da canção foi conduzido pelo grupo “Que se Lixe a Troika” que, no lugar do fascismo, quer ver seu país livre da troica –nome do grupo que fiscaliza o cumprimento das medidas de austeridade impostas pelo socorro financeiro a Portugal em 2011, formado pelo Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o FMI.
Há duas semanas, cerca de 30 pessoas do grupo interromperam o discurso que o premiê português, Passos Coelho, fazia no Congresso, no último dia 15, cantando em coro a música.
Como a ideia foi bem sucedida –a música foi cantada até o final e o protesto terminou de forma pacífica–, seus autores começaram a usar a mesma fórmula em atos de ministros.
O mais polêmico foi com Miguel Relvas, da pasta de Assuntos Parlamentares, em um debate no Clube dos Pensadores. Relvas resolveu fazer coro com os manifestantes, mas depois foi insultado e travou dura discussão com os participantes do evento sobre a política de austeridade de seu governo.
No dia seguinte, o ministro foi outra vez interrompido em uma conferência na Universidade de Lisboa por estudantes. Com os episódios, a polícia portuguesa aconselhou os ministros a mudarem a agenda para evitar novos confrontos, segundo o “Diário de Notícias”.
Nesta quinta-feira, quase duas semanas depois, o premiê português voltou a ouvir a canção da boca de manifestantes em um seminário em Lisboa. Na primeira ocasião, no Congresso, Passos Coelho sorriu e até elogiou o protesto. “De todas as formas pelas quais uma sessão pode ser interrompida, esta me parece a de mais bom gosto”, disse. Da segunda vez, desviou dos manifestantes, que o esperavam na saída do seminário.
E neste sábado, a canção voltará a ser entoada pelas ruas de Lisboa, quanto manifestantes convocaram um grande protesto pela capital portuguesa.
Fora dos protestos e atos políticos, a canção também tem entrado na trilha sonora de bares com música ao vivo e festas em casa de amigos. Aqui em Lisboa, amigos contaram que não há uma noite, nesta última quinzena, que passe sem “Grândola, Vila Morena”.
No metrô, vi o nome da canção transmitida por uma rádio na década de 1970 na tela do iPod de uma menina.
Não há mistério: o que estes organismos, agora apelidados de troika, têm como missão ou obrigação é forçar o retorno do sistema neoliberal ao seu pleno funcionamento. O resultado desse modelo funcionando plenamente já é largamente conhecido – cortes drásticos dos gastos públicos, sobremodo no social, desoneração do capital, monitoramento ou supervisão externa das ações dos governos… Natural, e até esperada, esta reação popular, que já dera sinais na Grécia, Espanha e chega em bom tempo a Portugal. Melhor: que se inicie dessa forma, embalada por esta emblemática e bela canção portuguêsa. “Que bonita festa pá” – Quem sabe…!
Parabéns Luisa, Alfredo.
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade!
é isso, a massa popular botando pressão, o q equivale a votar (conclamar 1 pleito) s/ repressão. qdo uns anos atrás portugal se viu sem 1º ministro pq seu plano “imexível” ñ passou, o posto ficou bom tempo vazio, e p/ mim foi sinal d saudável anarquismo nascente, e isto se confirma agora, e fora a língua linda q nos deixaram, sinto-me + orgulhoso da pátria-mãe pelo proc político SALUTAR q eles estão vivendo.