Imigração em tempos de crise
01/04/13 15:59Neste domingo a Folha compilou alguns recentes casos de restrição à permanência e à entrada de imigrantes na Europa (veja aqui), como efeito direto da crise econômica que vive o continente.
Há diferentes versões na discussão sobre se imigrantes saem mais prejudicados pela crise ou se viraram um ônus a mais aos Estados europeus endividados. Mas aqui na Espanha, os dados mostram que, até agora, estrangeiros estão levando a pior.
A começar pelo desemprego entre eles. Vocês provavelmente já ouviram falar uma ou mais vezes da alta taxa de desempregados na Espanha e, especialmente, entre jovens. Mas sabiam todos os coletivos de imigrantes têm esse índice acima da média nacional?
Os já assustadores 25% de desemprego da população economicamente ativa da Espanha, mais que o dobro da média da União Europeia, têm um peso importante dos imigrantes. Entre eles, essa taxa chega a 39%. Em alguns coletivos isolados, como os africanos, sobe para 49%, segundo calculou a OIM (Organização Internacional para as Migrações) em estudo publicado no fim do ano passado sobre impactos da crise na população imigrante.
E isso considerando apenas estrangeiros que residem em situação legal no país. Na Espanha, eles são cerca de 5,7 milhões, a maioria chegada a partir dos anos 2000, quando Espanha e Portugal passaram de ser países de emigração para receber imigrantes.
Com a crise, essa balança começa a se reverter em ambos. E não só pelo retorno de imigrantes a seus países, mas também porque portugueses e espanhóis, sobretudo jovens, estão indo buscar no norte da Europa e fora do continente os empregos que não encontram mais por aqui.
Em janeiro, o Instituto Nacional de Estatística espanhol registrou queda no número de estrangeiros no país em 2011. Foi a primeira vez nos últimos 15 anos que este índice caiu. Em 2007, para se ter uma ideia, chegou na Espanha o dobro de pessoas que saíram dela, espanhóis incluídos.
Esta “fuga” de mão de obra estrangeira ainda é minoritária –no caso da Espanha, menos de 1% do total. Mesmo assim, mostra que a vida não está fácil para os imigrantes que vivem aqui.
E nem para os que ainda tentam chegar. A legislação para estrangeiros na Espanha foi feita na época da entrada do país na União Europeia e, por exigência do bloco, é bem baseada no controle de fronteiras, sobretudo os do sul, porta de entrada de africanos. Somado a isso, o governo está aprimorando a vigilância no Estreito de Gibraltar, com tecnologias para detectar de longe pequenas embarcações.