'Exílio' no Qatar
09/04/13 04:16
Esta foto é obviamente uma montagem. Foi feita pelo site de uma revista semanal ao saber que o genro do rei Juan Carlos 1º, Iñaki Urdangarín, pediu permissão ao sogro para ir morar no Qatar, onde recebeu convite para treinar a seleção de handebol, esporte que já jogou profissionalmente, como a Folha noticiou nesta terça-feira.
Na montagem, Urdangarin “imita” jovens que saíram da Espanha e que enviam fotos com um cartaz dizendo seus nomes e por que tiveram que sair do país –em geral por falta de trabalho ou empregos precários– ao site “Jovens sem Futuro”.
Só para lembrar, o site faz parte de um movimento sobre o qual contei aqui outro dia para mapear, através da internet, para onde e por que emigram os jovens espanhóis, que acabava de ser lançado. Pouco mais de um mês depois, o site do projeto já recebeu mais de 700 histórias de “exilados”.
Como a Justiça não vê impedimentos para que ele saia do país enquanto não é julgado –ele está há quase dois anos indiciado por suspeita de desvio de verbas públicas–, Urdangarín aceitou a proposta de trabalho e recebeu aval do rei. Sua mulher, a infanta Cristina, também indiciada, deve ir ao país com os filhos do casal em breve.
Não é a primeira vez que a caçula do rei da Espanha tem que recorrer ao “exílio forçado” por conta das suspeitas que recaem sobre seu marido. Antes mesmo de a Justiça abrir o caso, , após começarem a pipocar as primeiras suspeitas de irregularidades cometidas pela empresa de Urdangarin, o Instituto Noos, Juan Carlos 1º aconselhou o genro a deixar o instituto e ir a Washington com sua família.
O casal e os filhos só voltaram à Espanha em 2012, mas desde então ficaram de fora das atividades e eventos oficiais da família real.
Com a viagem ao Qatar e o nome atrelado a uma investigação judicial, a infanta Cristina deve ser cada vez mais apartada da imagem da monarquia espanhola. De qualquer maneira, já seria muito pouco provável que algum dia ela chegasse ao trono. Isso porque Cristina é a sétima na fila da sucessão, atrás de seu irmão, o príncipe Felipe, e as duas filhas e de sua irmã, a infanta Elena, e seus dois filhos.
Mesmo assim, sua simples presença na família real tem importância histórica: ela foi a primeira mulher da realeza espanhola a ter um título universitário. Mas com a eventual ida ao Qatar, ela deve abdicar de seu trabalho, em uma instituição bancária em Barcelona, para novamente engrossar a lista do “exílio forçado” de espanhóis.