A espinhosa reforma educativa
10/05/13 19:10Um dia depois de uma greve nas escolas primárias e secundárias e manifestações de professores e alunos em toda a Espanha, o governo decidiu retirar hoje de sua reunião semanal de ministros a aprovação do texto da reforma na Lei de Educação.
Em vias de entrar em vigor, esta reforma é uma das mais polêmicas e criticadas do governo de Mariano Rajoy, e esta semana foi contestada até pelo irmão do ministro da pasta, José Ignacio Wert, que é professor.
Isso porque a nova lei prevê mudanças na educação primária como mais alunos por aula, aumento da iniciativa privada em instituições públicas, supressão da disciplina sobre cidadania e o aumento de horas de estudos religiosos obrigatórios.
As propostas deixaram professores e pais de alunos do ensino básico de cabelo em pé, e desde o ano passado eles estão reunidos em associações para tentar derrubar a proposta.
Ontem, eles fizeram greve que deixou sem aulas cerca de 11 milhões de alunos em todo o país, e ao longo do dia saíram as ruas nas principais cidades –aqui em Madri, fecharam as principais ruas do centro.
Para evitar mais polêmica, o governo não colocou o texto na pauta de sua reunião hoje, conforme estava previsto. Mas a vice de Rajoy, Soraya de Santamaría, afirmou que a lei precisa apenas de alguns retoques e fica pronta ainda em maio.
Até porque nesta sexta-feira o premiê Mariano Rajoy passou o dia em Barcelona e almoçou com Artur Mas, presidente da Catalunha, uma região que está particularmente irritada, e muito, com a reforma educativa.
Isso porque ela obriga que, em todo o país, ao menos metade das aulas seja ministrada em espanhol. No modelo de ensino da Catalunha, considerado um dos maiores símbolos atuais da identidade catalã, há apenas duas horas semanais de aulas em castelhano, o idioma prioritário na Espanha.
Por isso Barcelona teve ontem um dos maiores protestos contra a lei, que percorreu todo o centro da capital catalã e, hoje, se tornou um ambiente hostil para Rajoy.
Com esse ingrediente político extra, a reforma da educação se tornou um dos temas mais espinhosos até agora do atual governo. Nem mesmo os muitos recortes no setor –cerca de € 6,7 milhões desde 2010– gerou tanto barulho como tentar mexer no que os espanhóis consideram um dos maiores bens do país, a educação básica.