Invista na crise e leve a cidadania
20/05/13 19:58Se você fosse um investidor, apostaria em um país em crise econômica, governos endividados, desemprego de quase um terço da população economicamente ativa? Antes que você pense na resposta, faço um adendo à pergunta: você investiria neste mesmo país se, de cara, isso lhe garantisse o direito de viver e transitar livremente pela Europa e uma futura cidadania europeia?
Essa moeda de troca, já usada por Portugal, será aplicada também pela Espanha, segundo anunciou hoje a ministra de Trabalho do país, Fátima Báñez.
Levará a residência espanhola qualquer estrangeiro com a ficha limpa em seu país e que fizer na Espanha um investimento “economicamente relevante”, que gere postos de trabalho no país, que tenha um “impacto sócio-econômico relevante” ou ainda suponha uma “contribuição relevante na inovação científica ou tecnológica”.
E quem vive ou já viveu aqui sabe bem das dificuldades e burocracia para fazer e manter um visto de residência europeu.
O anúncio da ministra espanhola integra da nova Lei de Empreendedores, parte de um novo pacote de reformas que o governo espanhol prepara para este ano, com mudanças voltadas ao incentivo à iniciativa privada e à geração de empregos nela.
A Espanha quer reaquecer a sua economia, motivar os investimentos, o consumo. E sabe que investidores estrangeiros são peça-chave para isso, porque aqui dentro há pouco incentivo a empreendedores nacionais, sobretudo de pequenas e médias empresas.
Brasil e Rússia são os dois principais pólos potenciais de atração para isso, já falava o premiê Mariano Rajoy no fim do ano passado, ao comentar sobre essa possível concessão de visto a estrangeiros.
Na época, Rajoy disse ter a intenção também de abrir a porta com o visto de residência à quem compre imóveis em solo espanhol por ao menos € 160 mil euros (R$ 417 mil), valor que cobre bons imóveis em localizações privilegiadas de Madri, por exemplo. Vale lembrar que a crise econômica espanhola, que tem seu cerne na bolha imobiliária do país criou um estoque de cerca de 700 mil imóveis hoje vazios. O que, naturalmente, fez os preços despencarem, como contei aqui ano passado neste caso.
Em Portugal, a mesma medida já está valendo e é ainda mais flexível em termos burocráticos, embora os valores mínimos para investir sejam mais altos. No vizinho ibérico, quem comprar um imóvel de ao menos € 500 mil euros (R$ 1,3 milhão) leva a residência europeia sem nem sequer ter de fato que morar no país. Basta estar por aqui ao menos uma semana no primeiro ano da compra e duas semanas a partir do segundo ano.
Agora sim, adendo feito, respondam à pergunta!
Pra que investir num país quebrado e decadente? Ainda por cima governado por um “rei”?
Proposta nada indecente!