Sem dinheiro, com orgulho
30/05/13 15:42A Espanha está em crise e não nega. Falta crédito, confiança, dinheiro em caixa. Mas não orgulho.
E por isso o país não engoliu as recomendações, em tom de ordem, que recebeu ontem da União Europeia como condicionais para adiar o cumprimento da meta de déficit imposta pelo bloco. Em rara concordância, governo e oposição passaram o dia hoje reunidos para dar uma resposta conjunta –e negativa– às imposições do bloco.
Ontem, depois de apelos contínuos, a União Europeia aceitou conceder mais margem para a Espanha cumprir as metas de déficit nos próximos anos. Pelo novo acordo, o governo espanhol pode fechar 2013 com 6,5% de déficit, dois pontos percentuais acima do acordado anteriormente.
O premiê Mariano Rajoy sabe que isso é um senhor alívio, já que, quando assumiu o governo, a UE exigia da Espanha chegar aos 3% de déficit este ano, o que é matematicamente impossível hoje por aqui.
Rajoy, um dos mandatários europeus mais obedientes às orientações austeras do bloco, já vinha levantando a voz contra a meta apertada de déficit. Dizia, fazendo coro a seu colega François Hollande, premiê francês, que os níveis exigidos pela UE tornariam impossível a retomada do crescimento na Espanha.
A UE acatou, mas, em troca de alargar o prazo para o déficit, impôs ontem uma série de “recomendações” ao espanhol. Em troca da concessão, exige mais reformas, como a das pensões, e subir mais impostos.
São justamente esses dois pontos –impostos e pensões– os mais polêmicos por aqui. Rajoy, que em sua campanha prometera não mexer em nenhum dos dois mas ano passado já subiu impostos, sabe que mexer em ambos gera uma forte tensão social no país.
Por isso, bateu a perna e se mostrou reacionário à ordem do bloco, que exige “uma aplicação rigorosa e pontual” de suas orientações e avisou que vigiará mais de perto a execução de reformas e novos cortes por parte do governo espanhol.
A Espanha não gostou nada do aviso. Para um país que não está sob resgate, como Portugal e Grécia e, por isso, não precisa prestar contas de um empréstimo, soou como ameaçador.
Por isso, governo e oposição se uniram hoje para chegar a uma declaração comum a ser apresentada em junho no Conselho Europeu.
E olha que não é nada, nada fácil que esses dois lados cheguem ou sequer tentem chegar a um acordo. Eles só costumam mostrar união, e neste caso indiscutível, em políticas e ações contra o grupo terrorista basco ETA.
Mas hoje quiseram mostrar que, segundo eles, mesmo em crise, a Espanha ainda tem voz.
Quem sabe com mais união interna eles consigam resolver seus problemas externos!
Pois e… sua censura deixou isso em um “sem leitores, com blog”.
Hora de apagar a luz e baixar a cortina.
Olá Moo,
Que censura?
abs.