A palavra é...moção de censura
18/07/13 16:29Esta é a expressão da semana tanto na Espanha quanto em Portugal. E não é mera coincidência. A moção de censura, um mecanismo que pode levar à renúncia do primeiro ministro, é um bom termômetro do terremoto político que vivem ambos os países.
Aqui na Espanha, ela é, por enquanto, uma possibilidade, mas só a sua menção já chacoalhou as bases do governo por aqui. Em Portugal, o mecanismo foi usado hoje. O premiê do país, Passos Coelho, foi submetido à moção depois que, na semana passada, um ministro seu se demitiu e outro ameaçou fazê-lo, chacoalhando as bolsas europeias.
A avaliação por aqui é que Coelho conseguiu passar pela moção, mostrando ao Parlamento unidade entre sua base aliada e ainda atacando os partidos de esquerda, sobretudo o Partido Socialista, que chamou de fragmentado.
Mas o que chama a atenção em Lisboa é que esta foi a quinta moção de censura a que um premiê português é submetido em apenas dois anos, uma mostra da instabilidade política no país, que sempre quis passar para seus sócios europeus a fama de “bom aluno”. Na Espanha, caso o mecanismo também seja adotado, será a terceira vez, desde o fim da ditadura no país, que seu mandatário é submetido a ele.
A possibilidade ainda está no ar. Ela foi lançada na terça-feira pelo líder da oposição, Alfredo Pérez Rubalcaba, diante das denúncias de suposto envolvimento do premiê Mariano Rajoy com o chamado “mensalão” espanhol, que seria um esquema de caixa dois no Partido Popular, de Rajoy.
O pedido de moção de censura será feito caso o premiê se recuse a ir ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre uma troca de mensagens de texto por celular que trocou com o ex-tesoureiro do PP, Luis Bárcenas, acusado de ser o operador do “mensalão” espanhol, como denunciou o jornal “El Mundo” no domingo. E também sobre declarações de Bárcenas à Justiça no dia seguinte, nas quais ele afirma ter entregado à Rajoy cerca de € 50 mil euros provindos do caixa dois.
Com maioria no Congresso, o PP deve conseguir barrar ida de Rajoy ao Congresso e também a moção de censura. Mas só a possibilidade de ela ser feita estremeceu as bases do partido, que internamente já advoga pela demissão do premiê.
E não é só dentro do partido: neste fim de tarde, milhares de pessoas estão na porta da sede do PP daqui em Madri e nas principais cidades espanholas para pedir sua renúncia. Diante dessa pressão popular, Rajoy pode acabar cedendo a comparecer no Congresso ou inclusive à moção de censura.