A pobreza extrema
11/10/13 13:15Volta e meia, como já disse aqui, o pessoal aí do Brasil me pergunta se há pessoas passando fome por causa da crise espanhola.
Normalmente, respondo que é relativo, embora fatores como os benefícios sociais ainda restantes e laços familiares impedem que a grande maioria chegue a esse extremo.
Só que um estudo divulgado esta semana pela Cáritas, organização não governamental ligada à Igreja Católica, me fez replantear esse argumento. Segundo ele, a Espanha tem hoje cerca de três milhões de pessoas em condição de pobreza severa, condição que se aplica a quem vive com menos de € 307 ao mês (cerca de R$ 921).
Ou seja, cerca de 6,5% da população espanhola vive com menos da metade de um salário mínimo mensal.
Pode parecer pouco se compararmos essa realidade com a do Brasil, onde, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 8,5% da população vive sob renda per capita menor que R$ 70.
Por isso eu sempre digo que é relativo, já que a compreensão dos brasileiros sobre uma população em crise é bem diferente da do pessoal daqui.
Mas, olhando para o panorama espanhol de apenas alguns anos atrás, dá também para ter uma dimensão de como o momento ainda é bastante delicado por aqui. Esse índice, segundo a Cáritas, era menos da metade há apenas cinco anos, quando estourou a bolha de crescimento que a Espanha vivia e que tornava impensável para muitas famílias entrar na classificação de pobreza extrema.
Há também um dado bom: aumentou o número de voluntários.
1,9 milhão atendidos pelo Cáritas em 2012, 38% não tinha nenhum recurso, e mais da metade das pessoas eram espanhóis. Até a crise, quase a totalidade dos atendidos pela instituição até antes da crise.
Freio no desemprego, crescimento em 2014, aumento no turismo, mais empresas abertas,…
Mais de três milhões em pobreza severa, menos de € 307 ao mês. Caíram fundos. A pobreza está se tornando crônica.
Desde o início do
José Carlos Saros foi protagonista de duas notícias desta semana.
Ontem, crianças.