Touros, despejo e reforma fiscal na Catalunha
16/10/13 10:21BARCELONA
Uma exposição de fotos, um edifício ocupado por 16 famílias, uma sessão parlamentária, a patente de uma bandeira.
Estas quatro situações se encontram nesta quarta-feira em um mesmo pano de fundo: as discussões sobre o nacionalismo catalão, que hoje estão no centro do debate político de todo o país.
E as quatro protagonizam este debate, reascendido esta semana com força em toda a Espanha. Isso porque o governo espanhol voltou a debater com os parlamentares do país o novo modelo de financiamento para as regiões, que na Espanha são divididas em comunidades autônomas, um equivalente aos nossos Estados só que com mais autonomia ante o governo central.
A Catalunha, que historicamente reivindica gerar mais recursos do que arrecada ao país, exige que a reforma desse sistema beneficie mais a região, o mesmo pleito que faz o governo de Madri.
Nesta manhã, o tema dominou a sessão no Parlamento, na qual o premiê Mariano Rajoy teve discussão calorosa sobre o tema com o ex-presidente da Catalunha Duran y Lleida, que ameaçou um manifesto comum dos partidos catalães pela independência.
Mas o tema também ganhou as ruas aqui de Barcelona. Aqui no centro da cidade, o nacionalismo catalão ganhou fôlego com a retirada de vários cartazes com a foto de um toureiro, imagem escolhida pela organização de uma exposição do World Press Photo que será inaugurada em um centro cultural da capital mês que vem.
A Catalunha é historicamente contrária a touradas, uma tradição genuinamente espanhola, e há três anos proibiu em seu todo seu território qualquer atividade com touros.
Já nos arredores da capital catalã, uma ordem de despejo de 16 famílias de um prédio ocupado virou briga entre os governos central e catalão.
Despejadas de suas casas por não pagar hipoteca, essas famílias ocuparam um edifício do Sareb, uma espécie de banco do governo espanhol criado para comprar os ativos tóxicos de outras instituições bancárias e, assim, ajudar a saná-las.
O governo de Rajoy foi à Justiça exigir a desocupação do prédio. Com a decisão favorável, o governo catalão entrou então na briga, pedindo a revogação da decisão.
A Justiça não aceitou, e a ordem de despejo foi então marcada para esta quarta-feira, quando centenad de pessoas foram para frente do prédio tentar impedi-la. Não precisou: de última hora, o Tribunal Europeu interveio e adiou o despejo para analisar melhor a situação.
Uma prévia do que muita gente por aqui acha que deve acontecer com essa discussão: ela acabará nas mãos da União Europeia.
pedida na Justiça
Dezesseis famílias protagonizaram hoje uma disputa entre a União Europeia, o governo da Espanha e o da Catalunnha.