Futebol e política
18/11/13 12:21Pegou bastante mal por aqui um jogo amistoso que a seleção espanhola participou este fim de semana na Guiné Equatorial.
O país, ex-colônia da Espanha, é comandado desde 1979 pelo ditador Teodoro Obiang, acusado junto com sua família de ser um dos regimes mais opressores e corruptos do mundo e de desviar para uso próprio dinheiro do Estado.
Misturar futebol com política é um hábito pouco comum por aqui. Mas desta vez foi inevitável. A seleção e, consequentemente, seus jogadores e o técnico do grupo, Vicente Del Bosque, foram muito criticados por aceitar o convite e disputar a partida.
Ao longo da semana passada, jornalistas questionaram os jogadores, em coletivas de imprensa de seus times, suas posições sobre participar de um jogo em um governo ditatorial. Os jogadores se esquivaram como puderam das perguntas, alegando que não cabia a eles este tipo de discussão, e algumas vezes os jornalistas foram cortados por assessores de imprensa de seus clubes.
Mas se o futebol nã0 quis se misturar com a política, a política se encarregou de fazê-lo. Quatro partidos de esquerda pediram formalmente ao premiê Mariano Rajoy um boicote institucional ao amistoso, o que o governo não fez.
Em artigos de opinião de jornais espanhóis como este publicado no “El Mundo”, sociólogos pediram que a seleção, atual campeã mundial e com um poder de mobilização enorme na África, se envolvesse com a questão e negasse o convite. Sua credibilidade, sustetam os autores, era o que realmente estava em jogo.
Falando em jogo, a modo de curiosidade, a partida, chamada de “sem graça” e “sem sal” pela imprensa espanhola, terminou em um “precário” 2×1 para a atual campeão mundial…