Prisão lá, prisão cá
25/11/13 16:57A coincidência de notícias entre Brasil e Espanha tem me chamado a atenção.
E não me refiro nem à proibição de máscaras em protestos –que o Rio decretou em setembro, e a Espanha, em outubro–, ou ainda à descoberta de uso de transporte oficial por governantes e legisladores para fins pessoais.
Esta sintonia acontece até com fatos, digamos, incomuns em ambos os países, como mandar políticos para atrás das grades.
Dias depois de a Justiça brasileira decretar a prisão de acusados por envolvimento com o mensalão, a da Espanha se decidiu pela mesma pena para um caso que também se arrastava há anos –dez em concreto.
Trata-se do julgamento de Carlos Fabra, figura bastante conhecida no país, ex-presidente de Castellón, cidade dentro da Comunidade Valenciana e cuja costa foi bastante cobiçada por construtoras e políticas.
Nesta segunda-feira, Fabra foi condenado a quatro anos de prisão por fraude fiscal pela Audiência local. Segundo denúncia do Ministério Público, ele deixou de declarar cerca de € 2 milhões (R$ 6,3 milhões) quando governava Castellón.
Fabra é uma figura bastante conhecida por aqui. É um dos principais nomes do PP (Partido Popular), o mesmo do premiê Mariano Rajoy, na Comunidade Valenciana. Após ser denunciado por um empresário, ele passou a ter seu nome vinculado a casos de corrupção.
Sua filha, a deputada Andrea Fabra, protagonizou um dos principais “mêmes” do ano passado aqui na Espanha. No meio de uma sessão, ela mandou um senhor palavrão a deputados da oposição no momento em que o premiê, algumas filas à sua frente, anunciava um duro pacote de cortes de gastos. O gesto, flagrado por todas as câmeras que a enquadraram enquanto filmavam o premiê, foi interpretado por espanhóis como uma afronta a cidadãos diretamente afetados pelos cortes que Rajoy detalhava.
A deputada teve que pedir desculpas formais, mas para seu pai a condenação foi mais dura.
Mesmo assim, a Promotoria achou a decisão leve, já que pedia 13 anos de cadeia para Fabra, que, além de uma multa de € 1,3 milhão (R$ 4 milhões) só terá de cumprir quatro anos atrás das grades.
É um ano menos, aliás, que a pena mínima a três cidadãos bascos que começaram a ser julgados na semana passada por…arremessar, em 2011, uma torta na cara da presidente da comunidade de Navarra, Yolanda Barcina.
Uma contradição que a Espanha também parece ter em comum com o Brasil…
Na Espanha o Carlos Fabras esta sendo preso poque sonegou 3 milhōes de real e aqui aglobo sonegou em dinheiro atual um bilhão e duzentos milhōes de real. Como é prisão lá e prisão cá?
A diferença, Luisa, é que lá ele vai ficar os 4 anos na cadeia. Aqui, uma pena de 4 anos é trocada por cestas básicas ou serviços comunitários. Uma de 30 não passa de 6.