Espanha fecha primeira TV pública
29/11/13 13:02A cena, comum em épocas ditatoriais, aconteceu nesta sexta-feira aqui na Espanha: enquanto jornalistas transmitiam ao vivo a programação da TV pública de Valência, policiais entraram no estúdio e, com ordem judicial, desligaram a energia e puseram fim à transmissão. Câmeras da rede filmavam toda a cena, ao vivo, até as 12h19 (9h19 no horário de Brasília), quando a TV saía do ar.
Foi o desenlace de uma briga judicial que o governo de Valência, a terceira região mais importante do país, travava há quase um mês com os funcionários do Canal Nou, como é chamada a TV pública local.
O fechamento significa também que 1.660 trabalhadores do canal estão agora sem emprego.
No início de novembro, o governo local, do PP (Partido Popular), o mesmo do premiê Mariano Rajoy, anunciou o fechamento da TV pública, depois de a Justiça proibir uma demissão de quase 1.000 funcionários da rede. Em reação, o presidente local, Albert Fabra, decidiu encerrar as atividades do canal, alegando que sua manutenção se tornou insustentável por causa das dívidas que seu governo acumula.
Mas a grande reviravolta aconteceu quando os funcionários recusaram deixar os estúdios do Canal Nou e assumiram toda sua programação e emissão. Algo parecido com o que aconteceu na TV pública grega em junho, quando funcionários se negaram a deixar a emissora.
Ontem, Fabra publicou um ultimato em edição extra-ordinária do diário oficial local.
De noite, as portas foram fechadas, e os funcionários do canal foram barrados. Os que estavam dentro passaram a noite em claro transmitindo ao vivo notícias sobre o futuro do canal. Alguns conseguiram entrar pela janela.
Jornalistas apresentavam um programa ao vivo quando policiais entraram na sede do canal, segundo eles relatavam ao vivo. Pouco depois de meio-dia, a programação foi cortada.
Logo depois, todos os jornalistas que cobriam a notícia abandonaram a coletiva de imprensa do governo de Valência em solidariedade com seus colegas e em protesto pelo fechamento de mais um meio de comunicação no país por conta da crise.
Desde 2008 até o começo deste ano, cerca de 200 meios de comunicação espanhóis fecharam as portas, colocando na rua quase 28 mil profissionais, segundo levantamento da Associação de Imprensa de Madri.
Esta é a primeira vez, no entanto, que isso acontece com uma rede pública, um modelo muito comum na Europa.
Talvez se conhecesse a Espanha e as televisões das Comunidades Autônomas não diria uma coisa tão descabida Sr. Paulo. É preciso conhecer para emitir uma opinião embasada.
As televisões autonômicas servem para reafirmar as culturas locais, transmitir eventos culturais daquelas regiões e produzir programas independentes das grandes cadeias como Telecinco, TVE ou Antena 3. Além disso, muitas vezes servem para formar profissionais e fazer pesquisas no campo da produção de programas e telejornais.
Eu espero que as televisões brasileiras públicas nunca acabem, mas que mude a forma com que o dinheiro é investido, os parâmetros de escolha de grades e programação mudem e que as concessões dos canais públicos parem de beneficiar facções religiosas, políticas ou empresariais.
Cada cultura têm suas peculiaridades.
Lamento que mais de 1000 pessoas tenham perdido seu emprego e que os Valencianos tenham perdido seu canal de televisão em episódio tão melacólico.
Se nós brasileiros tivéssemos 1/1000 da fibra desses profissionais, certamente a cultura e a política nosso país não estaria da forma em que se encontra.
Eu esqueci de mencionar no comentário anterior que moro na cidade de Valencia, Espanha, e era até dias atrás assíduo telespectador da emissora que foi fechada pelo governo local, uma vez que tinha uma programaçáo de excelente qualidade, mas, sua manutençáo era extremamente cara e a maioria dos profissionais que nela trabalhavam estavam ali devido a favores de partidos políticos, salvo exceçóes. Como eu disse antes, as autoridades devem priorizar antes a saúde e a educaçáo, enquanto que as comunicaçóes podem muito bem ser exercidas por empresas privadas custeadas por investimentos próprios e náo pagas pelos cidadáos da regiáo ou do país.
José,
Obrigada também por esta colocação. Vindo de alguém que vive em Valência e acompanhou sempre a programação da emissora mas que também sabe de problemas na ordem de Saúde e Educação que a região sofre, acredito que é um comentário muito rico para o debate.
Faça-o por favor sempre que achar conveniente.
abs,
Luisa.
Eu acompanho as reportagens da jornalista LUISA BELCHIOR e infelizmente náo posso dizer que ela preze pela exatidáo na totalidade de seus coementários, particularmente so que se referem a costumes locais e a questóes legais do país. O que ela diz sobre a açáo da Polícia Nacional por ter fechado a emissora de TV pública valenciana é um absurdo sem tamanho e desprovido de qualquer conehcimento legal. Náo é papel do estado manter emissoras de TV e rádio deficitárias só para agradar á classe dos jornalistas. Se querem pleno emprego que façam como os profissionais de outras categorias, com ou sem trabalho.
Olá José,
Não entendi sua colocação. O que exatamente lhe parece um absurdo? Sobre a informação em si, é inconstestável que a polícia, munida de ordem judicial como eu expliquei no texto, efetuou o fechamento da TV, como eu acompanhei ao vivo. Não vejo onde tenha emitido opinião à respeito de tal ação.
Lembre-se, também, que o que você lê neste blog não são reportagens. Este é um blog, portanto o tom é mais informal.
De qualquer maneira, obrigada pelo comentário, e se lhe sobram dúvidas, críticas e/ou sugestões ainda sobre este post, não hesite em escrevê-las.
abs,
Luisa.
A democracia das elites é assim; descarregam todo o peso da crise nos ombros dos trabalhadores.
Absolutamente correto o governo de Valência. Não é papel do governo manter canais de TV. Isso pode ser feito por empresas privadas. Temos ótimos canais educativos e de notícias que são totalmente privados. Não existe justificativa para tal absurdo. Espero que um dia também fechem a TV Cultura e a Rede Brasil, famosos por consumirem milhões sem apresentar um programação efetivamente de qualidade.
Com todo respeito, mas dizer que a Tv Cultura aqui em S. Paulo, não produz programas de qualidade e de uma desinformação total.
A Tv Cultura, já recebeu vários prêmios internacionais, graças a qualidade de sua programação, e nos anos 90 foi referencia nacional em termo de televisão.
Portanto, procure se informar melhor antes de opinar.
Realmente você entende muito de televisão e jornalismo. TV Cultura e Rede Brasil exibem uma programação e um jornalismo de qualidade. Parabéns a RBC pela transmissão da Série C. Todos os domingos a audiência está conseguindo bater a toda poderosa Rede Globo, esse sim um canal de programação sem qualidade e que consome muito dinheiro dos Governos.
Também prefiro que hajam canais de TV privados, embora a TV Cultura e a Rede Brasil tenham programas de excelente qualidade.
Tomara que um dia fechem a boca de tipos como você, caro Paulo…
Ah, espera: o tempo há de fechar sua boca e você será menos que uma lembrança… Pena, não!?