Indignados, ano 2
17/05/13 09:35Há dois anos, uns 20 manifestantes, ao final de um protesto pré-eleições, decidiram passar a noite na Porta do Sol, em barracas de acampamento. Foram despejados pela polícia, anunciaram isso nas redes sociais e, no dia seguinte, a praça, principal de Madri, estava totalmente tomada por barracas improvisadas.
Por dois meses elas ficaram montadas por lá, alojando manifestantes que foram “morar” em Sol, mas também bibliotecas, restaurantes, sala de conferências improvisadas, que funcionavam com comida, livros e computadores de doações que chegavam diariamente, a ponto de os organizadores pedirem que as pessoas deixassem de doar.
Ali nascia o movimento dos indignados, que exportou a ideia para outras cidades da Espanha e o resto do mundo. O reflexo mais famoso foi o “Occupy Wall Street”, em Nova York, mas São Paulo também teve sua versão indignada.
Nesta quarta-feira, o movimento completa exatos dois anos e quis mostrar à Espanha que segue ativo.
Criticado no início por ter propostas por demais abstratas, como um novo tipo de governo global, os indignados espanhóis decidiram partir mais para a ação nestes últimos dois anos, o que fez o movimento não só sobreviver mas também crescer.
Eles investiram em protestos contra efeitos diretos da crise na Espanha, como por exemplo as ações para impedir as ordens de despejo de pessoas que não pagam a hipoteca aqui na Espanha. O grupo começou a mobilizar pessoas para irem a casas com ordem de despejo e assim impedir a passagem de policiais para executá-la.
Depois começaram a propor medidas no Congresso através do canal de participação cidadã que existe na Espanha. Conseguiram, assim, fomentar a mudança da legislação imobiliária espanhola, que hoje o governo está reformando.
Além disso, fragmentaram o movimento em grupos por bairros de Madri e outras grandes cidades espanholas e em municípios menores. Mensalmente, recolhem sugestões de cada um desses locais e enviam à organização central.
Já a proposta de manifestações sem violência, o mote do movimento, vem perdendo força. O lema deste segundo aniversário foi “da indignação à rebelião”, um sinal que o grupo dá uma guinada a ações mais incisivas contra o governo.