UE e governo contra despejos
12/11/12 06:48Outro dia comentei com vocês sobre o drama de pessoas despejadas de suas casas por não pagar a hipoteca, na minha opinião uma das faces mais crueis da crise na Espanha.
Desde que a bolha imobiliária do país estourou, em 2008, afundando todo o país, muita gente que havia comprado imóveis com crédito fácil e incentivos de bancos começou a receber ordens de despejo por não conseguir dar conta de pagar as prestações.
Este ano, cerca de 500 ordens de despejo são executadas por dia na Espanha, um drama que ultimamente vem sendo levado a consequências extremas, como o suicídio de pessoas prestes a ser retiradas de casa. O caso mais recente aconteceu na última sexta-feira, no País Basco.
O caso acelerou um movimento que começava a engatinhar por aqui: pela primeira vez desde o início da crise, o governo e a oposição da Espanha e até a União Europeia se uniram a sindicatos e associações para tentar dar um fim ao problema.
Nesta segunda-feira, o PP (Partido Popular), do premiê Mariano Rajoy, se reúne com o partido socialista, principal oposição, para bolar uma reforma da atual lei imobiliária do país.
A intenção é amenizar as condições para determinar os despejos, que, na semana passada, a União Europeia considerou ilegais. Essa foi a opinião que o tribunal de Justiça europeu emitiu após analisar um caso de execução hipotecária ocorrido na Catalunha, que, segundo o tribunal, infringe a diretiva europeia de proteção ao consumidor.
Embora não tenha caráter vinculante, o conselho da União Europeia foi o empurrão que o governo precisava para discutir reformas na lei. Há quatro anos, porém, já vinha sendo pressionado por associações de proteção aos moradores.
Hoje, o sindicato geral dos policiais também anunciou apoio à luta das associações. Seu presidente avisou que ajudará policiais que se neguem a executar ações de despejo, garantido pagamento de seus salários e apoio jurídico caso sejam demitidos.
Quem não está satisfeito com a mobilização do governo são associações dee entidades bancárias, que alegaram temer que a paralisação dessas execuções acumulem uma nova bolha de dívidas e ativos tóxicos nos bancos, aumentando a crise no setor.