“Primeiro vem o deficit, segundo o deficit e terceiro o deficit”.

Assim o ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, resumiu hoje o principal objetivo do orçamento de 2012 da Espanha, o mais austero da história democrática do país, que o governo apresentou de manhã no Congresso.

Para cumprir com a meta de deficit pactuada com a União Europeia em 5,3% do PIB, o governo de Mariano Rajoy vai gastar mais este ano em pagamento de interesses da dívida que com seus próprios funcionários.

Na ponta do lápis: por um lado, a Espanha gastará cerca de 28 milhões (R$ 67 bilhões), 5,3% mais que ano passado, para pagar esses interesses. Por outro, reduzirá os gastos internos em 27 bilhões de euros (R$ 65 bilhões), 9% menos que o já magro orçamento do ano passado.

A verba para os ministérios caiu em média 17%, mas em casos como o de Relações Exteriores chegou a 43%. Em Educação, o corte foi de 21% e, em Saúde, 13%.

Até a família real vai ficar mais pobre: o orçamento para a Casa Real, fundação que gerencia e paga tudo relativo à realeza, ficou 2% menor.

O texto ainda tem que passar por uma série de votações neste mês no Congresso. Mas o premiê Mariano Rajoy espera que sua maioria parlamentar garanta a aprovação integral do projeto.

Se alguém tinha dúvidas de que se trata de um orçamento bem mais voltado para a União Europeia do que para os espanhóis, o ministro da Fazenda as aclarou: “Este é um orçamento para cumprir com os objetivos de deficit”, declarou nesta manhã. Mas ele argumentou que respeitar o pacto feito com os sócios europeus é também “a condição sine qua non para superar a crise econômica”.