Tiro(s) no pé da monarquia espanhola
16/04/12 10:48Um tiro no pé real e outro figurativo atingiram na semana passada a família real espanhola, reabrindo um adormecido debate sobre a realeza em uma Espanha mergulhada em crise.
O tiro no pé real foi dado pelo neto mais velho dos reis. O figurativo, por seu avô, Juan Carlos 1º, que quebrou o quadril durante uma não divulgada viagem a Botsuana para caçar…elefantes.
Foi também durante uma caça que Felipe Juan Froilán, 12, primogênito da Infanta Elena, disparou acidentalmente contra ele mesmo, atingindo seu pé direito, em uma fazenda da família.
O mal-estar público ficou por conta de Felipe, que teve alta hoje, ser menor de idade e estar portando armas, algo que é proíbido por aqui. A Justiça investiga o caso.
Mas a polêmica maior veio dias depois, quando seu avô, titular maior da coroa espanhola há 37 anos, chegou à Espanha de uma viagem pessoal com fratura de quadril por tropeçar em um degrau em uma viagem sem nenhum conhecimento da imprensa para a caça a elefantes em Botsuana.
Daí o tiro no pé figurativo: possivelmente, a viagem, digamos, inusual, passaria desapercebida não fosse o tombo de Juan Carlos, o que o levou a uma cirurgia de emergência em um hospital em Madri, onde ainda se recupera.
Não foi o tropeço de Juan Carlos, do alto dos seus 1,88 m, que causou barulho, e sim:
1) Por quê o rei, já com seus 74 anos e problemas físicos e cirurgias acumulados por tombos recentes, foi caçar elefantes em um país onde a Espanha nem sequer tem representação diplomática e em uma semana em que seu “reino” alcançou recordes no risco país e desconfiança do mercado sobre riscos de intervenção?
2) Caçar elefantes?
3) A família real pode esconder suas agendas pessoais?
A polêmica a partir daí saltou dos revoltosos comentários no facebook e twitter para jornais e debates televisivos. Hoje, os programas matutinos dos canais de TV aberta promoveram discussões sobre o tombo e a viagem do rei.
Mais transparência nos gastos –em um momento em que o genro do rei é acusado de corrupção–, se família real pode ter vida privada, e se é oportuno tal agenda neste momento de crise no país foram as questões debatidas.
O jornal “El País” abriu debate em seu site sobre se o premiê Mariano Rajoy, que sabia da viagem, deveria ter tentado impedir a aventura, algo que outros líderes de governo já fizeram no passado. O concorrente “El Mundo”, mais conservador, criticou a viagem em editorial.
Ambientalistas criaram um abaixo assinado pedindo que o rei deixe de ser presidente de honra da WWF (World Wildlife Fund) na Espanha. A própria WWF expressou “mal-estar” sobre o episódio.
O atual líder dos socialistas, Alfredo Pérez Rubalcaba, disse nesta manhã que, embora não comente a agenda pessoal da família real, pedirá audiência com Juan Carlos 1º.
A discussão tem sido bem incômoda por aqui, porque a figura do rei é relativamente bem aceita, e, em particular, a de Juan Carlos 1º, considerado um monarca popular, simples, agradável. Ele é também respeitado por ter tomado as rédeas contra uma tentativa de golpe militar no país em 1981 ao fazer pronunciamento em cadeia nacional com uniforme militar ordenando o fim do motim –embora em fevereiro deste ano o jornal alemão “Der Spiegel” tenha divulgado que o então embaixador do país na Espanha informou a seu país que Juan Carlos expressava simpatia pelos militares revoltosos.
A popularidade não tem segurado, no entanto, o debate que a crise, agora adornada pela caça aos elefantes, recolocou em torno à realeza, um dos setores com menos corte percentual de verba no orçamento apresentado semana passada pelo governo espanhol.
Uma curiosidade: quando tinha 18 anos, o hoje rei Juan Carlos 1º matou sem querer seu irmão com um tiro no rosto ao disparar por acidente uma pistola.
viva a monarquia que está acima de tudo. Já atirou no jumento do irmão, agora queria acertar um elefante … viva mesmo, e me informem quando ela acabar, pois não creio que ela nestes tempos modernos tenha lugar.
Realmente essa família deveria deixar de andar armada. Moro a 200 metros da Villa Giralda, mansão no Estoril (Rua de Inglaterra), Portugal, onde os exilados Bourbons moravam na época do Franco. Juan Carlos, então com 18 anos, matou o seu irmão Alfonsito em 1956, acidentalmente com a arma do pai, o Conde de Barcelona, e seu filho predileto. Agora o neto dá um tiro no próprio pé? Fora o “assassinato” do elefante pelo avô…
Se não me engano, foi essa criatura que mandou o Pres. Chavez calar a boca. De algum tempo para cá, os ídolos da Direita parecem estar todos caindo. As verdades estão aparecendo. O mundo está ficando melhor.
seus textos são gostosos de ler. Parabéns!
E inacreditável a WWF não tomar nenhuma atitude em relação a esse rei Juan Carlos, pelo jeito essa família vive armada, o Rei por acidente matou o irmão, agora o neto atira no pé. Matar elefante para ele deve ser moleza, pena que ele só fraturou o quadril e não tenha encontrado um elefante que o matasse.
O príncipe Philip do Reino Unido também é membro (aliás, ex-presidente e atual presidente emérito) da WWF e é um notório entusiasta da caça de animais selvagens (embora não de elefantes africanos, apenas “ducks” and “deers” !).
Francamente, custa fazer uma revisão gramatical antes de publicar um texto no jornal de maior circulação do Brasil?
Oi Guilherme,
Obrigada pelo toque, mas o texto foi revisado sim, pelo revisor automático e por mim. Se você achou algum erro que possa ter passado desapercebido pelos dois, por favor avise.
um abraço.
@Luisa: respondendo ao seu pedido de apontar erros, o certo é: “um erro que passou despercebido”, não “desapercebido”.
Obrigada por corrigir!
Há muita gente séria que acredita que a morte do irmão do rei (o verdadeiro herdeiro) não foi acidental.
Li essa matéria e dei risada. Não vou entrar na discussão do regime de governo da Espanha. Cabe ao povo espanhol decidi-lo. Mas, para alguém que possui um pouco de percepção, é notável o viés do artigo. A última frase é lastimável. O texto não é informativo, mas publicitário. Possui a intenção de conduzir o julgamento do leitor. Texto honesto debate idéias e não utiliza ataques pessoais para defender uma posição.
Oi André,
Os textos que publico aqui não têm qualquer intenção publicitária nem de conduzir os leitores a um ou outro julgamento. O que acontece é que aqui no blog escrevo de forma mais livre e informal –o que não quer dizer que expresso opiniões e/ou tente induzir os leitores a elas. A última frase foi apenas uma tentativa de dar um desfecho com contexto para o post. Não quis fazer nenhum ataque, mas colocar em relevo uma informação que pouca gente conhece e que, para este contexto, julguei relevante.
De qualquer maneira, obrigada pelo comentário, faça-o sempre que julgar relevante.
um abraço.
Concordo com o Marcos, não temos nada a ver com a monarquia espanhola.
Sobre o resto, para quem é acostumado a perfurar touros em espetáculos públicos, caçar elefantes não deve ser muito difícil.
Até o Hugo Chaves já havia denunciado a arrogância desse reino falido. Mas a Espanha merece. Parabéns aos espanhóis.
não tem sentido existir um rey,pra que serve alem de gastar.pagar mais de 8 milhoes de euros por ano,e pagar 45 mil euros para matar um elefante,deixa os elefantes em paz.viva la republica
O Rei custa 8 milhoes de euros ao Estado Espanhol? Só isso para o Chefe de Estado??? hahaha… não reclama do Rey, é barato!!!! Aqui um único senador é tão caro quanto ou mais, e temos 81 deles p sustentar!!!!!
É isso aí majestade, defenda o seu.
De paquidérmico só o orçamento da família real.
Pau na concorrência.
Que coisa mais medieval essa história absurda de família real! Sociedades que se consideram tão evoluídas sustentando essa baixaria!
Rei Juan Carlos
por qué no te callas?
Todo rei deveria ser obrigado a trabalhar.
Esse negócio de ser rei na maior vagabundagem dá nisso mesmo, principalmente na espamnha onde todos são teimosos como o quê.
E aproveitam e arrumem um emprego também para aquela inútil rainha dos ingleses.
Com certeza nós brasileiros temos todos os motivos para nos enfurecermos com as monarquias estrangeiras, uma vez que em nossa grande democracia não temos desemprego, nem desigualdade social e a nossa segurança e educação é de primeiro mundo. Fora nosso congresso, que nós enche de orgulho por ser completamente honesto e trabalhar incansavelmente para o bem-estar do povo brasileiro. Viva a Republica do Brasil!
Falou tudo Eric. Vamos deixar a hipocrisia de lado e começar a nos preocupar com nossos próprios problemas. A questão não é o regime, mas quem está nele. Pra mim, a pior coisa que ele fez foi tentar caçar elefantes (voltou todo quebrado, mas como se diz: aqui se faz, aqui se paga)… Os espanhóis vivem sob a monarquia, mas com toda a sua crise ainda é pelo menos um país de primeiro mundo. Onde a santa democracia brasileira não vai conseguir chegar nunca…
A monarquia espanhola não nos diz respeito.
Mas o WWF sim. É uma vergonha para eles não terem tomado uma atitude ainda. E para os associados e doadores dessa organização é uma grande humilhação!
No mundo moderno não tem mais cabimento um país sustentar uma familia real. Real porque? todos somos iguais nos defeitos e nas virtudes. E a familia real da espanha, inglaterra, noruega ou outro pais qualquer exercita seus defeitos e virtudes com dinheiro publico. Já não bastam os politicos para levar vantagem e ainda tem familias reais? fora com este absurdo do feudalismo.
As famílias reais (da Espanha, Holanda, Inglaterra, Noruega, etc.) custam menos aos contribuintes dos seus países que a maioria dos presidentes de repúblicas e seu “staff”. E, ao mesmo tempo, têm a vantagem de separar a representação cerimonial do Estado, que deve ser apolítica por natureza, da condução diária e necessariamente partidária do governo. A monarquia constitucional parlamentarista é de longe o melhor e mais estável sistema de governo existente.
Tambem nutria simpatia pela Realeza Espanhola, particularmente pelo Juan Carlos.
Porem, essa noticia de que ele se acidentou “caçando elefantes”, me pegou de surpresa, e juro que senti pena, dele não ter sido morto por um elefante e ter voltado a Espanha dentro de um caixão.
É um absurdo o comportamento desse “rei”.
Como se diz no popular: “os maus caráter também envelhecem”.
Ótima matéria! Parabéns!