Nacionalismo catalão renasce
12/09/12 00:43Há alguns debates que nunca saem totalmente de cena aqui na Espanha. Os que mais me chamam a atenção são os que discutem a ditadura de Franco, os regionalismos e as touradas. Quase semanalmente, um dos temas voltam às páginas de jornais e programas de televisão, muitas vezes com destaque.
Esta semana, foi a vez do nacionalismo catalão, que teve hoje uma de suas maiores demonstrações de independentismo.
O tema dos touros também pipocou por aqui, mas sobre ele falo amanhã. Porque hoje a bandeira catalã ocupou boa parte dos noticiários e das ruas e praças de Barcelona.
É que todo dia 11 de setembro a Catalunha celebra a Diada, data que relembra a batalha de Barcelona com tropas da monarquia espanhola no século 18. A ocasião é sempre lembrada por nacionalistas mais radicais com manifestações que não chegam a passar de 100 mil pessoas e já foi até vaiada em anos anteriores.
Não foi o caso deste ano. Nesta segunda-feira, nada menos que 1,5 milhão de pessoas, segundo a guarda municipal de Barcelona, participaram da manifestação da Diada, que tomou as ruas da capital catalã sob o polêmico tema “Catalunha, novo Estado da Europa”.
Antes disso, a celebração deste ano já havia ganhado mais peso que nos anos anteriores porque, pela primeira vez, o presidente da Catalunha, Artus Mas, apoiava a manifestação. O que se disse por aqui é que, mais que apoiar o nacionalismo, Artur Mas queria capitalizar com a data.
Ele aproveitou a ocasião para voltar a pressionar para que o governo nacional aceite a independência fiscal da Catalunha, que o parlamento catalão aprovou em julho. No fim da cerimônia de abertura da Diada, nesta manhã, ele disse que se o governo central não aprovar a medida, o “caminho para a independência estará aberto”.
PP e PSOE, os dois principais partidos, criticaram a participação de Mas e o tema da festa. Mas isso não impediu que alguns políticos, até mesmo desses partidos, participassem da manifestação.
A Europa também ficou de olho na celebração. A Comissão Europeia enviou um observador para Barcelona, segundo disse o porta-voz Olivier Bailly em entrevista coletiva. Perguntado sobre a reivindicação de catalães por um Estado próprio, ele disse que se a região quer independência deveria pedir seu ingresso na União Europeia formalmente ao bloco.
Por enquanto, não chega a tanto. A última grande pesquisa com os catalães sobre o tema, há dois anos, revelou que menos da metade deles é favorável à uma separação entre Catalunha e Espanha.
Pelo que se via nas ruas de Barcelona hoje, em imagens mostradas o dia inteiro por sites e programas de televisão por aqui, esta diferença deve ser menor hoje em dia. Os manifestantes exibiam bandeiras catalãs e faixas com dizeres como “Catalunha is not Spain” (“Catalunha não é Espanha”) e davam declarações a favor da separação. “Nós pagamos impostos altos e queremos esse investimento de volta. Não é justo aportarmos mais e ganharmos menos de volta”, disse um deles à rede de televisão La Sexta.
Na noite de ontem, o premiê Rajoy falou sobre a Diada na primeira entrevista que deu a uma rede de televisão desde que entrou no cargo. Disse que não é o momento de manifestações separatistas e pediu coerência ao país. O presidente catalão, em troca, declarou hoje que “não podemos despreciar o que é uma reivindicação real do povo catalão”.
Continua chovendo no molhado na Catalunha. Paulo e isso mesmo, abriu a boca corre o risco de apanhar kk
Reacende a eterna máxima dos catalães”yo no soy español, yo soy catalan”. Certa feita comentei com uma catalã sobre “España invertebrada” de Ortega y Gasset, quase apanhei…kkkkkk